A Polícia Federal de São Paulo deverá pedir nesta segunda-feira (5) a prisão preventiva de Felipe Pradella, o terceiro suspeito pelo vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pradella seria segurança da empresa Fort Knox, contratada pela empresa Cetro, de São Paulo, uma das integrantes do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel), responsável pela aplicação do exame.
Dois outros acusados do vazamento - o publicitário Luciano Rodrigues, dono de uma pizzaria em São Paulo, e o DJ Gregory Camillo Craid, que trabalha em importantes boates de São Paulo - foram indiciados pelo crime na tarde de sábado pela Polícia Federal depois de prestar depoimento ao delegado do caso. A nova data da prova deve ser divulgada na quarta-feira (7).
Pradella, o único que não se apresentou espontaneamente à PF depois de ser acusado do crime, é considerado o responsável pelo furto das provas do Enem, possivelmente durante a etapa de impressão das provas, na gráfica Plural, em São Paulo. Ele possivelmente trabalhava na gráfica à noite. A Plural vai fornecer à PF 1.200 horas de gravações das câmeras internas de segurança no período de impressão das provas.
Pradella e Gregory foram os dois homens que encontraram repórteres do jornal "O Estado de S. Paulo" para tentar vender a prova por R$ 500 mil. Rodrigues foi indiciado como intermediário, por ter posto os dois em contato com os jornalistas.
O Ministério da Educação já recebeu informações extraoficiais da PF de que Pradella teria atuado como segurança ou coordenador de manuseio na etapa de impressão das provas, na gráfica Plural. O ministro Fernando Haddad mantém canal direto com o delegado da PF que chefia as investigações, e os técnicos do MEC estão em contato com representantes do consórcio, que colaboram com a investigação. Além da Cetro, estão no consórcio a Consultec (BA) e a Funrio (RJ).
Consórcio terá de ressarcir gastos</strong><p>O MEC aguarda confirmação da PF sobre as hipóteses de colaboração interna e fraude mais ampla no caso do vazamento do Enem para decidir se rescinde o contrato com o Connasel. Com a confirmação de que Pradella foi contratado para atuar na gráfica, o grupo empresarial fica obrigado a ressarcir o MEC pelos prejuízos causados com a suspensão e reorganização do exame, estimados em R$ 35 milhões.
- Nós precisamos obter oficialmente da Polícia Federal essa informação, se essa pessoa que foi contratada contou com auxílio, se há mais envolvidos, se por trás de um ato que parece ser uma delinquência, a princípio, pode ter uma inteligência ainda a ser apurada. Na terça, em reunião com o ministro da Justiça, que é quem comanda a PF, vamos poder concluir nosso diagnóstico - disse Haddad ontem.
Pelo contrato firmado com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o Connasel é obrigado a indenizar o governo pelo vazamento. Apenas a reimpressão e redistribuição da prova deve custar R$ 35 milhões. O valor total do contrato é de R$ 116,9 milhões.
Caso rescinda o contrato, o MEC terá o direito de assumir a logística do exame, além de poder efetuar "a ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal". Além de estar autorizado a contratar outras empresas, em caráter emergencial, o governo estuda usar os Correios e empresas estatais no processo.
A expectativa é a de que hoje a primeira fase das investigações seja concluída pela PF.
Fonte: O Globo