Página Inicial | SÁBADO, 27 DE ABRIL DE 2024
Postada por: Jr Lopes dia 14/10/2010
Mensageiras da morte em Naviraí
Compartilhar Notícia

Paulo Hamilton


Na semana que findou, fiquei estarrecido com a manchete estampada nos meios de comunicação de nossa cidade: “Polícia fecha seis bocas de fumo em Naviraí”. Afora o trabalho da Polícia Civil, também a Federal desenvolve um trabalho altamente importante no combate às drogas em Naviraí e região.


Quando eu disse “estarrecido”, me refiro à quantidade de focos de vendas de drogas em Naviraí, o que para mim considero muito, isso sem contar o que não é do nosso conhecimento. Acho que Naviraí está, lamentavelmente, enveredando para uma situação que requer, por parte das nossas autoridades e dos pais, uma tomada de posição mais séria com relação a este problema que degrada o ser humano no que ele tem de mais importante que é a sua vida.


Algumas idéias que ouvimos no dia a dia sobre as drogas podem parecer um exagero. Há pessoas que acreditam que elas são as novas armas de destruição em massa de uma nova conflagração mundial (a terceira).


Para outras, as drogas são os instrumentos diretos da ação nefasta do anticristo sobre a terra.
As estatísticas mundiais sobre a disseminação desta praga, seu comércio e uso crescente, nos levam a crer que nenhuma destas idéias ou frases de efeito são suficientemente fortes para expressar e dimensionar a gravidade do problema.


Só quem teve de enfrentá-lo no seio da família e viu de perto sua capacidade de desagregação e de corrupção de valores sabe que esta é uma luta injusta e inglória.
Movida por lucros exorbitantes a ponto de ter se tornado em um dos mais fortes segmentos da economia mundial, ela se insinua de maneira cada vez mais sofisticada, levando para o abismo homens, mulheres, jovens e crianças, frágeis vítimas, de sua propaganda sedutora.


A sociedade em geral tem minimizado o perigo que ela representa, pactuando, de forma omissa e conivente com sua proliferação via drogas lícitas e socialmente aceitas.
O álcool e o fumo são as portas legais e visíveis para o mundo infernal das drogas ilícitas, como a maconha, a cocaína, o crack e outras menos conhecidas, como as sintéticas, mas não menos perigosas.


Quantos dos nossos jovens já cederam por várias vezes ao apelo de
“amigos” para se desviarem do caminho da escola em direção a alguma “boca” onde passaram horas fumando e ingerindo bebida alcoólica.


Ao se negarem a acompanhá-los nestas empreitadas passaram a ser companheiro chato e inconveniente.
Antigamente, as drogas pesadas não estavam tão difundidas como hoje, mas homem de verdade tinha que fumar e beber para não ser discriminado. Isto era parte de um mecanismo perverso de convencimento baseado numa versão de espírito de porco que levava a juventude a um processo de iniciação e de afirmação dentro do seu grupo.


Já se vendia naquela época a idéia que as drogas seriam liberadas num futuro próximo e que provar de tudo fazia parte da formação, da experiência e da maturidade do jovem.
Estes e outros argumentos têm sido usados pelos “empresários” das drogas num afã de ampliar o seu  mercado consumidor formado ainda entre as crianças e consolidado entre adolescentes mal informados e imaturos.


Esta verdade tem que ficar clara: a primeira dose é a mais perigosa e deve ser evitada com o máximo de convicção e argumentos como os que: “se deve provar de tudo e que isto é prova de hombridade e coragem”, devem ser relegados a condição de iscas preparadas para pegar os trouxas.


Todas as tentativas de se combater o tráfico e o de controlar o vício tem falhado e os resultados nos levam a viajar em possibilidades mais concretas.


Talvez devêssemos pensar se não seria necessário concentrar nossos esforços em educação para salvar uma nova geração que já chega condenada ao mais idiota ritual de suicídio que a humanidade já conheceu.


Um abraço fraternal a todos.


(**Paulo Hamilton é professor aposentado em Naviraí e colaborador do Naviraí Diário)


Fonte: Paulo Hamilton







Naviraí Diário | Todos os Direitos Reservados