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Postada por: Redação/A.V dia 04/10/2010
André admite falhas na saúde e promete industrialização
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Puccinelli se movimenta entre partidários durante comemoração da vitória no TRE (Foto: João Garrigó)


Reeleito com 704.407 votos, o que representa 56% do total válido, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), pretende dar continuidade ao trabalho feito no primeiro mandato, mas com ênfase em dois pontos desenvolvimentistas: a infraestrutura de transportes e a industrialização do Estado.


Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, ele admite que a Saúde ainda é um setor que precisa de atenção, assim como a Educação e a Segurança Pública. Também lembra do Turismo como uma das saídas econômicas para o Estado e fala sobre sua relação com a Assembleia Legislativa, que passou por uma renovação a partir das eleições deste domingo.


CGNews – Governador, o que o senhor acha que mais acertou neste primeiro mandato e o que não foi tão bom assim e pode ser melhorado a partir de agora?


André Puccinelli – A busca intensa por construção de habitações, porque isso além de dar muito trabalho, como medida anticíclica para combater esta crise de empregos em 2009, ela dá teto para as pessoas. A assistência social que agora, ao término do terceiro e quarto ano, atingiu 100 mil famílias, uma melhoria substancial na educação e na segurança. A saúde ainda deixa a desejar, mas isso tem de ser explicado à população, porque nos 14 municípios onde existe gestão plena, ou seja, os municípios dizem “somos donos do nosso próprio nariz”, é obrigação deles. Mesmo assim, passamos de R$ 16 milhões de repasses de recursos às prefeituras para R$ 70 milhões de recursos próprios nossos. Quer dizer, nós ajudamos, mas ainda há deficiência na saúde em decorrência da não possibilidade plena dos municípios e da não possibilidade plena do Estado, mas falta a União participar com sua parcela, porque depois que a CPMF caiu, eles mandaram um projeto de lei lá, chamado PEC 29, onde 10% da receita corrente líquida da União teria que ser aplicada em saúde, e eles são os únicos que não estão aplicando este percentual, os municípios são obrigados a aplicar 15%, não há município neste Estado que não aplique, alguns chegando até a 24% do seu orçamento, e não há Estado no País que não aplique 12%. Nós chegamos a 15,04% no exercício financeiro de 2009, e a União não aplica a sua correspondente parcela na saúde. Então a saúde deixa a desejar, mas por culpa da União, culpa também dos estados e principalmente dos municípios, onde a gestão é plena.


CGNews – Muito se falou da alta carga tributária nesta campanha, e este foi um dos pontos mais criticados pelo seu principal adversário, o ex-governador Zeca do PT. O que o senhor planeja para este setor, para melhorar este problema?


André Puccinelli – Nós à medida que equilibramos as finanças, vamos bem lentamente, lentamente mesmo, aliviando a carga tributária. Basta que se faça decretos, setorizadamente e por itens, nos quais você diminua ao máximo o valor agregado.


CGnews – Depois de escândalos envolvendo a Assembleia, houve renovação de 10 deputados nestas eleições, oxigenação. Como deve ser sua relação com o poder Legislativo a partir de agora?


André Puccinelli – Da mesma forma como eu sempre me relacionei. O que a Assembleia recebe? Como os outros poderes recebem, um percentual da receita corrente líquida. Eu mando para a Assembleia, eu mando para o Tribunal de Justiça, para o Tribunal de Contas, para a Defensoria Pública, e mando para o Ministério Público. Vou continuar mandando, e eles que não façam besteira como foi feito pelo deputado Ary Rigo, de falar bobagem de devolução que nunca houve.


CGnews – No começo do ano que vem, haverá eleição da Mesa Diretora da Assembleia, e é claro que o governador do Estado tem um peso muito grande nas negociações. Já há algum acordo sendo costurado neste sentido, há algum preferido pra o cargo?


André Puccinelli – Não. Da mesma forma como fiz da outra vez, eu não interferi na eleição da Mesa. Eu reuni o PMDB, que tinha na época 8 deputados, e disse: bom, tem que ser do PMDB, vocês escolham quem vocês querem e nós conversamos com os outros partidos. Mas não interferi na escolha do nome, como não vou interferir agora. Como o PMDB elegeu a maior bancada, creio que deva lhe ser dado o direito de escolher o presidente, mas a escolha caberá aos deputados estaduais.


CGnews – Alguns deputados da sua base aliada ficaram de fora nestas eleições, o senhor pretende mexer no secretariado para acomoda-los? Por exemplo, tirar o Edson Giroto e o Carlos Marun para acomodar o Akira Otsubo e o Rinaldo Modesto? Ou mesmo outras mudanças no secretariado?


André Puccinelli – É possível que isto ocorra, mas em um início de governo, o Giroto foi eleito para ser deputado federal e o será, o Marun foi eleito para ser estadual e o será, então os primeiros suplentes vão aguardar, não sei se um bom tempo, ou no mínimo algum tempo.


CGNews – Seu principal adversário, Zeca do PT, entrou na disputa sabendo da dificuldade de vencer a eleição contra quem já está no governo e é bem avaliado, mas conseguiu “fazer seu nome” para 2012, quando pretende disputar a prefeitura de Campo Grande. O senhor já enxerga este cenário, o PMDB já tem um favorito?


André Puccinelli – Absolutamente, acho que deverá ter uma convergência de interesses entre o prefeito da Capital, que logicamente quer fazer seu sucessor, e o governador auxiliando. Mas eu creio muito difícil a vitória do Zeca aqui em Campo Grande, é só ver a diferença que tivemos na Capital nestas eleições: foram 60% contra 37% dele. Ou seja, 23 pontos percentuais de diferença, sendo que no Estado deu 13,5%. Então nosso grupo político é muito forte em Campo Grande. Claro que devemos respeitar todos os adversários, mas eu vejo com extrema dificuldade o Zeca se projetar em Campo Grande e vencer as eleições, uma vez que o nível de rejeição dele aqui beira os 50%. De toda forma, é um direito democrático que ele tem, mas depois da quinta derrota – duas diretamente e três indiretamente -, eu creio que ele não se atreva na próxima vez a querer ser candidato. Mas se vier, o Nelsinho é que vai comandar o processo, e eu vou apoiar participando ativamente na escolha dos nomes.


CGNews – Por falar em Nelsinho, ele é mais cotado para suceder o senhor em 2014, já falando em um processo político a longo prazo. Mas sua vice, Simone Tebet, também é muito forte e é cotada para a disputa, o senhor já começa a analisar esse quadro, a projetar este processo?


André Puccinelli – Nós nos pautamos sempre por pesquisas qualitativas e quantitativas, quando da escolha do meu candidato à sucessão em Campo Grande, nós tínhamos a Celina Jallad, o Edson Giroto, o Nelsinho e o Waldemir Moka. As pesquisas induziram para que todos reconhecessem que o melhor nome naquele momento era do Nelson Trad Filho, e houve a concordância de todos, e assim faremos. Eu creio que para não errarmos, temos que ouvir a população.


CGNews – Quais as obras prioritárias para o Estado para o segundo mandato?


André Puccinelli – Nós ainda não demos todas as ordens de serviço, para os valores conseguidos por meio de empréstimo feito através do Bird, nós daremos ordem de serviço para isso e iremos imediatamente andar pelas obras para que haja agilização máxima. Precisamos ter esta infraestrutura logística pronta para através dela darmos competitividade e nossas comodities terem melhores condições e serem vendidas no mercado tanto interno quanto externo.


CGNews – O senhor já anunciou que pretende incentivar a industrialização, o setor sulcroalcooleiro, o turismo, mas como o senhor pensa em dar dinamismo a isso, o que o senhor pensa para a industrialização do Estado, que ainda é um setor tão deficitário?


André Puccinelli – Investirmos maciçamente no setor sulcroenergético. Nós tínhamos 11 usinas e chegamos a 22 e teremos mais 6 nos próximos oito ou 10 meses, estarão funcionando, então queremos chegar a um número de aproximadamente 40 empreendimentos sulcroenergéticos.


CGNews – Mas isso não tem impacto ambiental, governador?


André Puccinelli – Não, absolutamente, porque quando você tem pelo próprio IPCC, o instituto que cuida da climatologia dizendo que um milhão de toneladas de cana ao ano absorvem um milhão e meio de CO2 do ar, ficamos tranquilos.


CGNews – Mas há outros tipos de prejuízo à natureza...


André Puccinelli – Mas é só cuidarmos, com nosso zoneamento ecológico e econômico, e não deixarmos no Pantanal de jeito nenhum, nem na área de amortecimento.


CGnews – O processo de industrialização abrangerá todas as regiões ou tem alguma que o senhor olha com mais carinho?


André Puccinelli – Não, vai ser conforme a vocação de cada região. Por exemplo: região da Grande Dourados, onde as terras são de altíssima qualidade, não se pode fazer empreendimento para plantar eucalipto. No leste do Estado, há terras propícias para isso, e assim temos fábricas de celulose e papel.


Fonte: CampoGrandeNews







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