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Postada por: Jr Lopes dia 10/09/2010
Artigo: Polícia Federal começa a resgatar um pouco da nossa dignidade
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Paulo Hamilton


Um escândalo estampado até no Fantástico


Como os demais casos que “pipocam” constantemente na mídia nacional, este caso também exige reflexões. Os envolvidos não são simples prefeito e vereadores. São pessoas eleitas e algumas reeleitas pelo voto popular. Eles prometeram cumprir e honrar as promessas e esperanças do povo douradense.


Nestes últimos dias, a cidade de Dourados e o resto do País viveu mais um triste episódio de corrupção. Nossa perplexidade está constituída da mais branda passividade e caiu numa normalidade onde se estampa que roubar e fraudar são naturais em qualquer sistema, principalmente o público e privado. Também pudera, quem neste Brasil afora, desde pequeno não ouviu alguém dizer que vivemos no país da impunidade. Esta palavra torpe ultimamente vem tomando conta dos cenários e traz consigo manchas e mais manchas sobre a sociedade.


A política brasileira é marcada por curtos períodos de estabilidade  e sucessivos episódios de denúncias de irregularidades, em que a motivação maior se volta para supostos atos de corrupção. Executivo e Legislativo estão, quase sempre, no olho do furacão, ora envolvendo a gestão pública, ora relacionadas com os esquemas de financiamento das campanhas eleitorais.


Desta vez, o centro das denúncias é o Prefeito de Dourados, quatro de seus assessores diretos e nove Vereadores, além da primeira dama do município.


Como na maioria dos episódios, o responsável pela divulgação do escândalo é alguém que aplica métodos sofisticados de escuta eletrônica, no caso de Dourados o autor foi o Secretário de Governo, jornalista Eleandro Passaia que, sob a orientação da Polícia Federal, deixaram poucas dúvidas e foram exaustivamente exploradas neste fim de semana, gerando uma crise de grandes proporções.


Esse “mensalão Arturziano”, materializado na distribuição, entre os políticos envolvidos, de recursos originários de supostos contratos de obras públicas, teria origem desde o início de seu mandato. As denúncias visualizadas através da mídia nacional, merecendo destaque até mesmo no “Fantástico” da TV Globo, no último domingo, chocaram o País pela contundência das irregularidades expostas.


A falta de ética na política produz reações distintas nos grupos diversificados, então a defesa perde espaço para qualquer justificativa. Neste episódio do município de Dourados, pelas cenas explícitas da partilha do dinheiro de origem duvidosa, a direção dos Partidos dos envolvidos já preparam as suas expulsões de seus quadros.


O MP, pela relevância do assunto, reunirá seu colegiado para examinar a hipótese do “impeachement” do Prefeito Artuzi. A quebra do decoro parlamentar será o argumento para a ação.


Mesmo diante desta minoria corrupta, somos levados a resgatar nossas esperanças e somar forças nesta luz que surge no fim do túnel, pois não podemos escoar no raio da malversação o nosso patrimônio, nossas riquezas e nossas crenças em justiça e paz.


A imprensa tem sido fundamental neste momento crucial, onde estamos podendo conhecer de perto o batedor de carteira, o ladrãozinho pé de chinelo e o gangster de carro importado. A vergonha nacional está exposta, mas também, está evidenciada a busca da mínima legalidade e da perseguição implacável aos usurpadores da causa e da coisa pública.


Que os formadores de opinião possam auxiliar na formação aberta de vários grupos de resistência, na defesa da legalidade e da certeza de que o resultado final será o restabelecimento dos valores da ética, justiça e paz.


É preciso promover-se mobilizações contra a corrupção, é preciso gerir sentimentos de vergonha e total repúdio aos ladrões, não se pode mais acreditar que não há mais jeito e que sempre será cada um por si. Não se pode mais apenas nos contentar em ser diferente ‘DELES”, temos que nos mobilizar de todas as formas contra ‘ELES”.


Que os poderosos deixem de ser intocáveis, que a banda limpa e transparente da Polícia Federal possa continuar agindo  com o  respaldo da sociedade brasileira e que a nossa dignidade seja renovada a cada nova operação da Polícia Federal.


Agora, infelizmente, o que se vê é apenas a necessidade dos responsáveis pelo escândalo de Dourados, darem explicações ao povo e à justiça.


Um abraço fraternal a todos.


(Paulo Hamilton é professor aposentado em Naviraí e colaborador deste site)


Fonte: Paulo Hamilton







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