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Postada por: Redação dia 07/08/2010
Comunidade boliviana festeja Nossa Senhora de Copacabana em Corumbá
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Como uma cidade de fronteira, Corumbá tem o privilégio de ser o palco de manifestações culturais singulares em relação a demais cidades. Quem vive aqui, se habitua ao ouvir o Espanhol, língua oficial do país com o qual fazemos divisa (Bolívia), a degustar certos sabores como o da saltenha, salgado muito preparado em terras bolivianas, e também a comungar de momentos de fé e festa que marcam o calendário do país vizinho.


Foi o que aconteceu por mais um ano em Corumbá, na tarde de sexta-feira, 06 de agosto, quando bolivianos e descendentes festejaram a Virgem de Copacabana, com uma missa na igreja matriz de Nossa Senhora da Candelária. Rezada, em sua grande parte, em idioma espanhol, a celebração demonstrou a importância que os cidadãos da Bolívia entregam à religião.


O pároco da Igreja Matriz corumbaense, padre Celso Ricardo da Silva, realiza o momento de fé há 8 anos. “É bonito esse intercâmbio. Aproveitei na homilia para falar aos bolivianos que nós somos irmãos e que eles também são irmãos, entre eles, e que nós devemos vivenciar essa paz. Na Bolívia, tem crescido muito o narcotráfico, tem crescido muita coisa errada e é por isso que nós estamos rezando, pedindo a paz para todo esse povo tão festeiro, tão querido, tão religioso”, disse.


A cada ano, um casal é responsável por organizar as comemorações. Essas pessoas são conhecidas como "pasantes", o que podemos definir em português, como festeiros. A missa é uma primeira etapa dos festejos que continuam com um cortejo com dança e músicas folclóricas pelas ruas da cidade.


Este ano, Carlos Mellandres, e sua esposa foram os "pasantes" e, ao final da missa, receberam os cumprimentos da comunidade que os saudaram com confetes nas cores da bandeira boliviana (verde, amarela e vermelha). O casal foi à frente do grande cortejo festivo, conduzindo os bailarinos e carros enfeitados especialmente para o momento.


“Bailar” por fé


Diferentemente de uma procissão, onde os devotos seguem um ritmo mais lento, quase penitencial, e entoando orações, o cortejo em homenagem às Virgens da Bolívia, é marcado por uma explosão de alegria, cores e passos sincronizados.


Quem está pelas ruas, para e contempla a forma singular que a comunidade boliviana tem para cultuar Nossa Senhora. Quem faz arte do cortejo, traz no sangue o sentimento nacionalista e a devoção religiosa. É o caso da cabeleireira Janete Urquizo. Descendente de bolivianos e moradora de Corumbá, ela tem orgulho de suas raízes.


“Isso é uma forma de homenagear a Bolívia, apenas nasci aqui, tive meus filhos aqui. Fala mais alto o sangue boliviano”, diz. Aliás, segundo ela é essa herança que permite uma boa desenvoltura pelas ruas durante o cortejo dançante. “Ela (Nossa Senhora de Copacabana) faz milagre pra gente e a gente retribui com a dança. A gente ensaia, mas tá no sangue é como os brasileiros com o samba”, explicou.


As origens da devoção à imagem de Nossa Senhora de Copacabana estão atreladas, segundo uma pesquisa realizada por Anna Paula Egito Barbosa Corrêa, Cristina Hatsumi Tabata e Suzana Vinicia Mancilla Barreda, aos cultos dos povos indígenas que habitavam a Bolívia, na cidade de Copacabana, localizada no entorno do Lago Titicaca.


Para substituir esses cultos, os dominadores espanhóis introduziram no povoado uma imagem da Virgem Candelária, que no local, recebeu o nome de Virgem de Copacabana, se tornando uma das maiores e mais importantes representações da Nossa Senhora, na América do Sul. O nome Copacabana deriva da expressão kota kahuana do dialeto aymara, que significa "vista do lago".


No século XIX uma réplica da imagem da Virgem foi feita e levada ao Rio de Janeiro, onde foi criada uma pequena igreja para a Nossa Senhora de Copacabana, constituída por comerciantes espanhóis, e algumas chácaras e sítios. E assim foi criado o que, hoje, é o famoso bairro carioca de Copacabana.


Fonte: DiárioOnline







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