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Postada por: Andrey Vieira dia 23/06/2010
Sem aulas e formatura, alunos da UFMS se queixam ao MPF
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Alunos recebem notas com seis meses de atraso (Foto: Marcio Breda)


Com o calendário letivo totalmente atrasado e o futuro incerto, alunos do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul protocolaram queixa ao Ministério Público Federal.


A coordenação do curso está vaga e quem atente ao telefone no setor solta a ficha corrida sobre o assunto, que envolve boletins de ocorrência, ameaças de morte e denúncias de improbidade contra professores. A briga seria entre uma turma de docentes mais nova e os antigos professores do departamento.


De acordo com os alunos, o resultado é que após quase seis meses sem aulas em 3 disciplinas, os calouros já não sabem se poderão se matricular no próximo semestre e os formandos terão de atrasar o sonho de receberem seus diplomas.


A falta de professores no curso reflete uma disputa política entre os próprios docentes. As diferenças começaram na eleição para reitor, em 2008. Após o pleito, que homologou a professora Célia Maria Oliveira como reitora, dois grupos se formaram: situação e oposição.


A partir de então a briga pelo poder dentro do curso envolveu ações na Justiça, ameaças e denúncias para todos os lados e terminou em licenças médicas e jurídicas para afastamento de professores.


Com a saída de três professores, o curso foi atrasado em quase seis meses. Somente ontem foram lançadas as notas dos alunos referentes ao segundo semestre de 2009.


A professora doutora Nanci Leonzo distribuía provas e tentava organizar a vida de acadêmicos de todos os anos. “O curso está ameaçado. Não sabemos como será o próximo semestre. Em quase 30 anos de academia nunca vi algo parecido”, desabafou.


A situação causou o abandono de alunos. Dos 72 acadêmicos que se matricularam no 1º semestre do curso em 2009, restaram cerca de 30 “teimosos”. Já os 25 desanimados formandos do 4º ano, que teriam a colação de grau no dia 4 de agosto, não sabem se receberão os diplomas.


Como uma das professoras em licença médica é a coordenadora do curso, quem responde pela licenciatura em História é uma interventora nomeada pela reitoria, a professora doutora Elcia Esnarriaga, que também acumula a direção do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS).


“O problema é que ninguém recebe os alunos, ninguém resolve os impasses e o curso não anda. Estamos parados”, explica a acadêmica do 1º ano, Carla Fortes.


A situação fez com que alunos e mesmo professores temessem pelo fim do curso. “A reitoria é conivente com a situação e trabalha para enfraquecer o curso de História. Isto é uma manobra que pode terminar até com o fechamento do curso”, diz o professor doutor César Benevides.


Já a reitora Célia Maria Oliveira nega a intenção. “Se quiséssemos fechar o curso não o colocaríamos no processo seletivo do ano que vem. Isso não existe. É um problema interno dos professores, que envolve o ego de alguns deles. Mas queremos resolver esta questão”, disse a reitora.


Enquanto professores e reitoria não se entendem, os alunos buscam soluções. Maísa Ferreira Nantes, representante do 1º ano, protocolou em nome dos colegas uma queixa, que foi encaminhada ao procurador Felipe Fritz Braga, do Ministério Público Federal.


“Queremos ter aulas normais. É o nosso direito. Essa situação constrange os alunos que todas as noites vão até a UFMS e se deparam com uma guerra entre professores. Tenho medo de que o curso termine, mas vamos lutar até o fim por ele”, garante.


Fonte: CampoGrandeNews







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