Nesta terça-feira, dia 08 de junho, às 19h, começa a ocorrer no Campus de Naviraí da UFMS (MS141 – KM4) a primeira edição do Ciclo de Cinema: Campus de Naviraí, um projeto de extensão coordenado pelo Professor Guilherme R. Passamani (Ciências Sociais-UFMS), que busca a troca de conhecimento e experiências entre a comunidade universitária e a sociedade de Naviraí e Região. Este projeto é financiado por recursos advindos do PAEXT-PREAE 2010, um edital de fomento da própria UFMS. Até o mês de novembro serão doze filmes exibidos, uma vez por mês, em duas sessões totalmente gratuitas e abertas ao público em geral.
Na sessão de estréia, dois filmes serão exibidos: Lutero e O Nome da Rosa. Após a exibição dos filmes, dois professores convidados farão comentários pertinentes aos mesmos. O professor José Leal comentará sobre o filme Lutero e o professor Arilson Oliveira, sobre o filme "O nome da Rosa".
Lutero, filme dirigido por Eric Till, relata a trajetória de Martinho Lutero no tocante às questões religiosas, principalmente do seu papel no protestantismo, através da Reforma Protestante que deu origem à Igreja Luterana. Lutero era de origem camponesa, de família pobre, cujos pais eram rígidos e o incentivaram desde criança a estudar para ser funcionário público. Ele decidira ser padre. No começo de seu ministério, já via contradições no que a Igreja Católica pregava com o que estava nas escrituras. Em Roma se depara com a prática de indulgências (a venda do perdão pelos pecados), a existência de prostíbulos exclusivos dos monges e, também, viu bíblia restrita ao latim, não podendo ser lida pela sociedade.
As idéias expostas no filme retratam a inquietação de um padre, altamente prestigioso, com as medidas tomadas pelo Papa e pela Igreja Católica da época. A partir de suas idéias de uma reforma religiosa, Lutero elaborou as famosas 95 Teses, em cujo conteúdo, encontravam-se todas as “falhas da igreja”, e foram expostas em frente na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Lutero representou, para o protestantismo, ícone de uma ideologia que transformou drasticamente a ordem religiosa do séc. XVI ao propor que Deus não era justiceiro nem tão severo como o Catolicismo pregava, levando muitos fieis católicos a abandonarem a Igreja. Na tentativa de debater o papel do protestantismo com a História e com as Ciências Sociais, o filme procura retratar uma realidade inerente à questão da não aceitação do catolicismo como verdade única.
A seu turno, O nome da Rosa é o romance de estréia do crítico literário Umberto Eco. Trata-se de uma narrativa policial ambientada em um mosteiro da Itália medieval. A história se passa no ano de 1327, século XIV, em um mosteiro Beneditino italiano.
Na biblioteca, havia diversas obras. Dentre elas, as pertencentes ao index, ou seja, uma lista de livros proibidos de serem lidos, segundo os dogmas da Igreja. Entre estes livros, estava A Poética, do filósofo grego Aristóteles. O livro abordava a temática do riso, do prazer e da felicidade. Temáticas proibidas pela sisuda Igreja Medieval. Poucos eram os religiosos autorizados a freqüentar a biblioteca.
Uma série de mortes passou a ocorrer no mosteiro. Um caso bastante intrigante. E que, como se verá, tinha estreita ligação com os livros. Um monge, externo ao Mosteiro, franciscano, foi enviado para investigar e esclarecer as mortes. Uma peculiaridade, todos os mortos tinham os dedos e a língua roxa.
O monge franciscano, brilhantemente interpretado por Sean Conery, depois de um trabalho minucioso de observação e investigação, constata que as mortes tinham relação com o manuseio de livros cujas páginas estavam envenenadas. Portanto, aquele que se atrevesse a ler os livros proibidos, nunca chegaria ao final. Não passaria a notícia adiante, pois morreria antes.
Para solucionar o caso, o monge franciscano usa da ciência e da razão. Neste momento, Eco dá o tom de seu filme. Trata-se de um documento histórico que marca a passagem de uma visão teocêntrica do mundo, para uma visão antropocêntrica e racionalista. O romance de Umberto Eco, levado às telas, mostra a perda de espaço de uma fé cega e dogmática e o ganho de espaço dos pressupostos científicos, inclusive para desmistificar alguns mistérios da própria religião.
Contamos com a presença de todos.
Acad. Geisiane Batista Prates
Acad. Thaís Salomão
Prof. Guilherme R. Passamani
Fonte: Portal do MS