Toda homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras deve, essencialmente, começar na reflexão sobre o mandamento divino, expresso no livro do Gênesis: “Ganharás o pão, do suor do teu rosto”.
Ao contrário dos outros animais, o homem recebeu de Deus o direito de forjar o próprio rosto e o próprio destino.
Se é verdade que “somos o que fazemos”, trabalhar é preciso. Para crescer as cidades, as estradas, as pontes, erguer os hospitais, multiplicar os remédios, diminuir as dores. Confortar os que necessitam.
Abrir as escolas, acender luzes, espantar o mal, dissipar a ignorância, desenvolver a inteligência, ensinar a fazer, ensinar a compreender, capacitar para a vida.
Esta é a sua festa, irmãos trabalhadores e trabalhadoras, que sovam e multiplicam o pão da vida, com o fermento generoso do suor do seu esforço cotidiano. Abençoadas sejam as suas trajetórias, desde o passado até aqui, e daqui até o futuro.
Mas também é preciso lembrar, que devemos lutar por um Brasil sempre altivo.
Já tivemos dias piores. Quando devíamos ao FMI, todos os brasileiros e brasileiras se perguntavam quando teríamos um projeto de país livre?
Alguma coisa assim, como se um pai de família dissesse aos seus filhos: “-nós estamos endividados, então vocês não estudam, vocês não comem, vocês não respiram. Fica cancelado o sonho da casa própria. O médico e o remédio. O brinquedo no Natal. O bolo confeitado no aniversário. O presente no Dia das Mães. A aliança de casamento. A esperança no futuro”.
Até quando Senhor?
Mas é preciso não perder a esperança. Afinal, nós somos brasileiros.
Mário Pedrosa, militante político e jornalista, escreveu certa vez: “a nossa tragédia é ver o Brasil pelo outro lado do binóculo: longe, muito ao longe, miudinho...”
Vamos trabalhar, para que a grandeza da Nação vire as lentes para o lado certo. E os nossos dirigentes tenham olhos para ver. E enxergar o horizonte amplo da tarefa a ser cumprida. E sejam capazes de transformar a realidade dura do trabalhador e da trabalhadora brasileira, no sonho prometido há tempos e com tanta eficiência em todas as campanhas eleitorais.
Vamos trabalhar pelo direito de forjar o nosso próprio rosto e de traçar os nosso próprio destino, sem que os outros façam por nós. Nós somos o que fazemos. Quando fazemos bem feito, existimos.
Muito mais do que um assunto político, um problema econômico, o trabalho é uma questão social, direito que não se pode recusar a nenhum ser humano.
Assim, não pode haver progresso, crescimento, desenvolvimento social sem trabalho, sem empregos. Para garanti-los, o esforço deve ser em prol do trabalho seguro, do emprego em ascensão, do desenvolvimento sustentável.
Aí sim, venceremos de uma vez por todas as amarras que secularmente nos escravizam à pobreza e à miséria, à dependência e ao atraso. Poderá o Brasil, então, ver transformado em direitos de todos o que agora não passa de privilégios de poucos: a justiça, a cidadania, o respeito e a decência. São as condições de que carecemos para exercer o importante papel que nos cabe na construção de um mundo melhor, mais digno, mais justo e mais fraterno.
Peçamos a Deus e cobremos dos poderes constituídos, que não nos paguem com traição, o voto que demos com tanta esperança.
Um fraternal abraço a todos os trabalhadores e trabalhadoras de Naviraí e região pelo seu dia todo especial.
(Paulo Hamilton é professor aposentado em Naviraí e colaborador deste site)
Fonte: Paulo Hamilton