O Campus Naviraí do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) irá desenvolver uma série de ações junto a agricultores familiares da região do Conesul para estimular a produção orgânica e formas de cultivo menos agressivas ao solo e ao meio ambiente.
Os trabalhos serão coordenados pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA) do campus, contemplado com orçamento de mais de R$ 90 mil em chamada pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As ações devem ser executadas até 2022.
Segundo o professor Daniel Zimmerman Mesquita, coordenador da proposta aprovada, as principais atividades a serem desenvolvidas serão a oferta de capacitação a agricultores da região, campanhas de estímulo à produção e ao consumo de alimentos orgânicos, além da difusão de técnicas agroecológicas.
“Entre as ações, iremos oferecer um curso de Formação Inicial e Continuada na área de Agroecologia, com carga horária de 160h, desenvolver materiais como cartilhas e fichas explicando como realizar o controle biológico de pragas e fazer o manejo da fertilidade do solo sem a utilização de adubo químico”, explica.
Estão previstos também Dias de Campo em assentamentos nos municípios de Naviraí, Itaquiraí e Juti, para a troca de experiências entre o IFMS e a comunidade, minicursos relacionados ao mercado dos produtos orgânicos e a implantação de um banco de sementes crioulas no campus.
“As sementes crioulas não são desenvolvidas por empresas multinacionais. São aquelas sementes que agricultores tradicionais e familiares já cultivam há centenas de anos, então são um patrimônio genético enorme e importantíssimo para a região”, comenta.
Todas as ações serão financiadas com recursos do Ministério da Agricultura a partir da aprovação do projeto na Chamada MCTIC/MAPA/MEC/SEAD - Casa Civil/CNPq Nº 21/2016. O valor aprovado foi de R$ 96.082,00, com R$ 50.000 destinados ao custeio das atividades, R$ 20.000,00 para investimentos e R$ 26.082,00 para bolsas.
Infraestrutura e parcerias
O projeto prevê a participação de parceiros estaduais e municipais, como a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e a Prefeitura de Naviraí, além da ONG Gebio, que atua na região.
As parcerias irã viabilizar a realização de atividades em espaços fora do IFMS e permitir o intercâmbio de conhecimento técnico com instituições que trabalham há anos com agricultores familiares. Daniel frisa, entretanto, que a execução do projeto também poderá permitir a melhoria da infraestrutura do próprio campus do Instituto Federal.
“Com os recursos de capital, será possível construir uma estufa e um telado para estrutura de um viveiro de plantas medicinais e cultivo de Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANCS) dentro dessas casas de vegetação”, afirma.
O projeto prevê, ainda, a oferta de nove bolsas de iniciação tecnológica e industrial, no valor de R$ 161,00, por 18 meses. A previsão é que as bolsas sejam destinadas a estudantes dos cursos técnicos integrados. Professores e técnicos-administrativos também deverão participar do NEA.
Inicialmente, o projeto seria executado entre março de 2020 e março de 2022. No entanto, com a pandemia, o prazo deverá ser alterado.
Agroecologia
Busca promover a conservação do solo, da fauna e da flora ao redor do sistema agrícola, além de estimular a utilização de inimigos naturais das pragas que afetam determinada cultura e preservar a fertilidade natural do solo.
Daniel ressalta que a agroecologia não se limita, entretanto, à questão do meio ambiente, pois tem também uma vertente social que “tenta promover o socialmente justo, o ambientalmente correto e o economicamente viável”.
Segundo o professor, o trabalho da agroecologia é fundamental para mostrar outras formas de utilização dos recursos naturais, especialmente em uma região cuja produção de grãos e de cana-de-açúcar são preponderantes.
“A gente tenta mostrar que a agronomia é muito mais do que isso, que é possível ganhar dinheiro e sobreviver com outras coisas que não sejam a produção de soja, cana e mandioca. A agroecologia é uma outra vertente, menos prejudicial e menos agressiva ao meio ambiente”, finaliza.
Fonte: Ascom/IFMS