"Queremos mostrar às meninas que elas não têm limites". O desafio é proposto pela professora de Metalurgia do Campus Corumbá do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Paula Luciana Fernandes, que coordena o projeto de extensão "Meninas Pantaneiras na Ciência e Tecnologia", desenvolvido desde março.
Mais de 30 estudantes dos níveis fundamental e médio de Corumbá, Ladário e da cidade boliviana de Puerto Quijarro , na fronteira com o Brasil, participam de oficinas, palestras e visitas técnicas que envolvem temas como Computação 3D, Robótica, Soldagem, Empreendedorismo, Energias Renováveis, Astronomia, entre outros.
Por meio dessas ações, é fomentada a inserção feminina nas áreas de Exatas, Tecnologias, Engenharias e Computação. As atividades também incluem capacitações para professores da rede pública, preparação de estudantes para olimpíadas de conhecimento, além da oferta de 23 bolsas de incentivo à pesquisa.
“Nós estamos rodeadas por homens. Nos cargos de gestão, por exemplo, a grande maioria é ocupada por eles. Mesmo nos dias de hoje, é difícil ser mulher, principalmente quando você quer ir além. Quero mostrar às meninas que elas podem ser tão competentes quanto eles e conquistar seus espaços como boas profissionais”, apontou Paula.
A iniciativa envolve estudantes e professores do IFMS, da Escola Rural Monte Azul e da Escola Municipal Barão do Rio Branco, ambas em Corumbá, da Escola Estadual 2 de Setembro, em Ladário, e da Escuela La Frontera, em Puerto Quijarro.
Até o momento, foram realizados quatro encontros, sempre aos sábados, nos quais foram realizadas oficinas e palestras de profissionais da área, além de uma visita técnica à empresa Vale, em Corumbá.
Exemplos
Nos encontros, profissionais femininas que atuam em empresas da região e no próprio IFMS relatam suas trajetórias. Histórias que servem de estímulo às estudantes que participam do projeto.
“Elas veem exemplos de outras mulheres que trabalham nessas áreas, ouvem as dificuldades e ainda recebem orientações de como podem agir. Meu maior objetivo é mostrar às meninas que elas não têm limites”, ressaltou a professora.
Ao que tudo indica, o objetivo está sendo alcançado. Uma das participantes do projeto, Saira Mendonza, 16, estudante do 1º ano da Escuela La Frontera, já sabe o que quer para o futuro.
“Estou aprendendo coisas novas que nunca tinha visto. Pretendo fazer Medicina, sempre quis ser médica para cuidar de crianças”, afirmou Saira.
Multiplicadores
Cada escola participante do projeto tem um professor responsável, que é capacitado e tem a missão de replicar o conhecimento, fomentando a participação de meninas na ciência.
“São agentes multiplicadores das ações, que podem contribuir para divulgação da ciência nessas escolas parceiras, por meio da elaboração de oficinas e palestras que incentivem as meninas a desenvolver pesquisa, mostrando que elas podem ser independentes e ter sucesso em qualquer área”, apontou Paula.
Na Escola Municipal Barão do Rio Branco, a responsável é a professora de Matemática Roselene Moreira. Seis estudantes do 8º ano participam do projeto, exatamente por terem dificuldade na disciplina.
“As meninas estão entusiasmadas em participar. Elas, provavelmente, não teriam acesso a tudo isso se não fosse o projeto. Gostaria que essas estudantes, futuramente, fossem alunas do IFMS para que pudessem ampliar ainda mais os horizontes e despertar para essas áreas da ciência e da tecnologia”, afirmou Roselene.
As estudantes e os professores envolvidos com o projeto deverão apresentar os trabalhos desenvolvidos na Feira de Ciência e Tecnologia do Pantanal (Fecipan), que será realizada pelo Campus Corumbá do IFMS em outubro, durante a edição 2019 da Semana de Ciência e Tecnologia.
A expectativa é de que pelo menos 200 jovens sejam beneficiadas pelo projeto, que tem duração prevista de um ano e meio.
Projeto
"Meninas Pantaneiras na Ciência e Tecnologia” recebeu fomento de R$ 90,4 mil para a execução das ações por meio da Chamada Pública nº 31/2018, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foi a única proposta de Mato Grosso do Sul aprovada na seleção.
O valor foi utilizado na aquisição de cinco computadores, que foram doados para as escolas parceiras a fim de fomentar a formação de núcleos de pesquisa, e também na compra de livros e materiais para a execução das atividades.
São ofertadas, ainda, 23 bolsas, sendo 18 de iniciação científica para estudantes do IFMS e das escolas parceiras, e cinco para os professores participantes.
No início deste mês, Paula se reuniu com representantes dos outros projetos do Centro-Oeste contemplados pela chamada pública do CNPq para apresentação do desenvolvimento das atividades e troca de experiências.
O projeto conta, ainda, com a atuação dos servidores do Campus Corumbá: Dorgival Netto, Luiz Felipe Jimenez, Marcel Grassi, Paulo Bezerra, Leonardo Simoni, Laurenice Pereira, Nicole Walter, Cláudia Ribeiro, Samara Valcacer, Georgia Ferraz, Felipe Fernandes, Robson Fleming, Ana Cecília Soja, Deisy Freitas, Suely Copini, José Augusto Rabelo, Rogers Oliveira, Fábio Abe, Ricardo Sampaio e Wagner Schmitzhaus.
As ações podem ser acompanhadas no perfil do projeto no Instagram e no Facebook.
Fonte: Ascom/IFMS