Casos de zika continuam subnotificados em Mato Grosso do Sul, de acordo com médicos que atuam diretamente no atendimento de pacientes com suspeita da doença. O número de registros suspeitos e confirmados abaixo da quantidade real de pessoas doentes acontece por motivos diversos, mas principalmente por dificuldades no diagnóstico, baixa procura por atendimento médico e até mesmo a não realização do exame que confirma o vírus.
“Boa parte do que estamos chamando de dengue pode ser zika. Na realidade, pode haver confusão no diagnóstico”, afirmou o médico infectologista e representante da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em Mato Grosso do Sul, Rivaldo Venâncio da Cunha.
Em todo o Mato Grosso do Sul, o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) fez apenas 214 exames que detectam o zika – apenas 67 foram positivos, conforme o primeiro balanço oficial. Mas, no Estado, um total de 302 amostras foram analisadas, somado aos enviados até o dia 22 de fevereiro para o laboratório do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP).
”Acaba sendo poucas amostras que enviamos para São Paulo devido ao limite que tínhamos, de enviar 20 amostras por semana”, afirma o diretor do laboratório, Luiz Henrique Ferraz Demarchi.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) divulgou nesta quarta-feira (16) um novo boletim epidemiológico. Pelos números oficiais, até agora são 310 gestantes em acompanhamento – 264 apenas este ano –, 50 estão positivas para zika – 41 casos em 2016 –, e outros 15 exames negativos – 9 deles desde janeiro.
Na Capital, são 2.839 casos notificados de zika, com 45 confirmações – 895 em janeiro, 1.675 em fevereiro e 269 em março. No boletim divulgado na semana passada eram 2.525 notificações – 56 registrados em março.
Já a dengue tem 19.694 notificações – 1.648 em março –, 466 casos confirmados, além de 5 casos graves e três mortes. Até a semana passada – 9 de março – eram 18.058 casos de dengue notificados.
Os casos de chikungunya são 169 – 98 em janeiro, 59 em, fevereiro e 12 em março. No boletim anterior, eram 143 notificações.
Segundo o representante da Fiocruz no Estado, a falta de realização do exame que confirma a doença, em todos os pacientes com suspeita ou sintomas de zika, também contribui para a subnotificação. “Não podemos exigir diagnóstico laboratorial para todos, pois não há disponibilidade. A prioridade ainda é para as gestantes”.
A médica infectologista Márcia Dal Fabro, responsável pelo acompanhamento das gestantes com sintomas e suspeita de zika no Cedip (Centro de Doenças Infecto-parasitárias), afirma que muitos pacientes não procuram atendimento médico. “Quando os sintomas são leves as pessoas não procuram o médico, acham que é um quadro alérgico”.
Ela explica que a subnotificação é uma realidade, e também existe em casos de dengue e outras doenças. “Como todas as doenças, sempre tem escape”, disse Dal Fabro.
Fonte: CG News