Dirigentes do Campus Naviraí e da reitoria do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) se reuniram com representantes de cooperativas, do poder público e dos sindicatos rurais da região para dar início à definição do segundo eixo de atuação do campus.

A proposta apresentada pelo diretor-geral da unidade, Matheus Bornelli de Castro, é que o IFMS em Naviraí passe a oferecer cursos do eixo tecnológico Recursos Naturais. Atualmente, são ofertados os cursos técnico integrado em Informática para Internet e superior de tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

“A partir de demandas da sociedade e de estudos técnicos feitos pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (Prodi), nós identificamos a possibilidade de que o campus passe a atuar também na oferta de cursos voltados à agricultura”, afirmou.

Matheus destacou a vocação econômica de Naviraí e dos municípios que compõem a área de abrangência do campus. No total, são mais de 120 mil habitantes na região. Naviraí ocupa o oitavo lugar no Produto Interno Bruto (PIB) estadual, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A atuação em um eixo nos dá a possibilidade de verticalizar o ensino. Isso permite que o estudante possa fazer aqui em Naviraí sua formação de nível médio, superior e até a pós-graduação, futuramente”, avaliou.

De acordo com os catálogos elaborados pelo Ministério da Educação (MEC), que orientam a oferta educacional em todo o país, são quinze cursos técnicos de nível médio no eixo Recursos Naturais, dez cursos superiores de tecnologia, além de bacharelados na área.

O reitor do IFMS, Luiz Simão Staszczak, participou dos encontros e ressaltou o potencial de qualificação de mão de obra que a presença do IFMS abre para Naviraí e região.

“Há uma demanda que está posta e cidadãos que precisam ser educados para atender a esta demanda. A definição do outro eixo de atuação passa, necessariamente, por esta demanda. Não podemos errar na abertura de um novo eixo”, alertou o reitor.

Participaram do encontro representantes da Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul), C Vale Cooperativa Agroindustrial, Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina (Camda), Sindicato Rural de Naviraí e Gerência Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Matheus destacou a importância de parcerias para o sucesso de iniciativas do campus. “Para a abertura de qualquer curso ou eixo, precisamos de colaboradores no desenvolvimento das atividades de pesquisa aplicada, extensão e atividades de campo”, comentou.

O superintendente da Copasul, Gervásio Kamitani, mostrou-se entusiasmado com a possibilidade de uma instituição pública ofertar educação profissional e tecnológica na área agrícola.

“Cursos nessa área fazem parte de um sonho que temos. São mais de 300 mil hectares de terra destinados à atividade agrícola. Acreditamos que a vocação de Naviraí é justamente essa”, disse Gervásio, que garantiu proporcionar o apoio necessário para o funcionamento do eixo.

Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Naviraí, Yoshihiro Hamakada, a qualificação da população na área agrícola irá permitir a continuidade do desenvolvimento regional ao combater o êxodo de jovens na região.

“Temos uma preocupação com sucessores. Há produtores rurais que fazem um alto investimento, mas cujos filhos não demonstram interesse em dar continuidade ao trabalho ou, muitas vezes, precisam se capacitar fora do Estado e acabam não retornando”, disse.

Apesar do entusiasmo e concordância de que Recursos Naturais seria o eixo ideal para ser aberto no campus, Matheus alertou que esta é apenas uma conversa inicial.

“A partir daqui, vamos definir ações para atendimento de outras demandas, como infraestrutura, área para implementação de projetos, por exemplo”, constatou.

Os dirigentes se encontraram ainda com o prefeito de Naviraí, Léo Matos, que reafirmou a vocação agrícola do município e destacou o impacto que o IFMS deverá ter na região ao longo dos anos.

“Não há nenhuma instituição atuando na área de recursos naturais. O IFMS irá contribuir para que seja possível atrair novas empresas para o município, já que iremos mostrar que temos mão de obra qualificada”, argumentou.

A gerente municipal de Desenvolvimento Econômico, Valdenice Oliveira, concordou com o prefeito e ressaltou a importância de se trabalhar cada vez mais a inovação tecnológica em Naviraí.

“Somos um polo educacional e precisamos juntar forças para qualificar a mão de obra para atrair empresas para região”, disse.

Para Luiz Simão, a percepção do prefeito e da gerente pode ser verificada na prática em casos pelo Brasil. “Há relatos de empresas que se instalaram em determinado município a partir do momento em que tomaram conhecimento da presença e do potencial do Instituto Federal”, concordou.

Em funcionamento desde 2014, o IFMS em Naviraí trabalha com a oferta de cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), cuja carga horária mínima é de 160 horas.

Neste mês, o campus iniciou as atividades dos cursos técnico integrado em Informática para Internet e do superior tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. São 120 estudantes matriculados nas duas modalidades.