Dizem que o futebol tem o poder de transformar o vilão da quarta-feira no herói de domingo, e vice-versa. Mas, no caso da relação entre o atacante Rafael Marques e o Palmeiras, isso demorou um pouquinho mais do que três dias para acontecer. Mais precisamente 11 anos.

E quis o destino que o maior feito do jogador com a camisa do Verdão - o gol salvador contra o Corinthians - fosse exatamente na mesma situação que o transformou em alvo da torcida em 2004: a semifinal do Paulistão.

Naquele ano, ele ficou marcado por perder várias chances de gol - uma delas inacreditável - no duelo com o Paulista de Jundiaí, que acabou eliminando o Palmeiras do estadual. Ainda era essa a imagem que os palmeirenses tinham dele. Mas bastaram quatro meses de clube em 2015 para isso mudar.

O tempo passou, e Rafael Marques evoluiu. Hoje é peça fundamental no esquema de Oswaldo de Oliveira e artilheiro da equipe no Paulistão, com seis gols. Se em 2004 ele jogou como substituto de Vagner Love, então ídolo dos torcedores, e não agradou, no último domingo foi o salvador do Palmeiras, justamente com o ex-companheiro como adversário pelo Corinthians.

– O que mais vejo hoje na internet é isso. Torcedor dizendo "você queimou minha língua", "eu não esperava isso de você" (risos). Mas eu sou tranquilo, vejo isso pelo lado positivo e não em querer calar a boca de ninguém, nem como uma resposta. Foi assim no Botafogo, aqui está bem encaminhado. Só tenho de dar alegria ao torcedor e estou feliz por isso estar acontecendo – diz o jogador.

De fato, Rafael voltou como um novo jogador. Se antes era centroavante, hoje atua aberto no 4-2-3-1 do Palmeiras, mais recuado, ajudando na armação, mas também chegando ao ataque com frequência. Tanto que seus gols, incluindo três em clássicos - dois contra São Paulo e um contra o Corinthians - foram vitais para a ascensão do time no Paulistão.

A mudança foi tão grande que, se antes era criticado e a chegada foi sob muita desconfiança da torcida, hoje Rafael Marques se vê perto de colocar o nome na história do Verdão.

– Para mim representa muito essa final. Cheguei com o pessoal meio desconfiado, até porque saí muito novo daqui, vim de um lugar onde o nível é bem baixo (China). Hoje jogar uma final e conquistar meu espaço é um ponto muito positivo. Esse ano é para marcar o nome na história – diz Rafael Marques.