Após os relatos de caminhoneiros na reportagem de ontem sobre o uso de drogas na intenção de se manterem acordados e cumprir prazos para entrega de mercadorias, o Dourados News segue com o material desta temática com foco em alertar sobre o efeito dessas substâncias no organismo dos motoristas, o que aumenta o risco de acidentes.
Nesse aspecto, o consumo maior conforme relatado pelos profissionais é de substâncias “estimulantes”.
Diante disso procuramos entender como algumas drogas podem afetar os sentidos. O Sest/ Senat realiza projetos na área de orientação e com informações concedidas pela doutora em Toxicologia Vilma Leyton à entidade, é possível observar que os entorpecentes geram diversos sintomas que comprometem a saúde e influenciam na forma como esses profissionais se portam ao volante.
As anfetaminas (rebites) aumentam perigosamente a autoconfiança do condutor, o que leva ao envolvimento de situações de risco. Mas, o perigo é maior quando passa o efeito de acordo com Vilma, devido ao cansaço que gera. “O pós-efeito leva à fadiga imediata, sendo comum o motorista dormir na direção sem sequer dar conta”, citou a doutora.
Esse efeito foi confirmado por um de nossos entrevistados que trabalha na área e optamos por não divulgar sua identidade. Ele conta que quando fazia uso de rebite já chegou por vezes a ter que parar para descanso com urgência por causa dessa sensação.
“Fazemos isso, pois quando a gente é empregado tem que trabalhar para faturar. Nisso, já cheguei a ter que parar o caminhão com urgência para deitar na cama e daí dar um alívio para continuar”, destacou o caminhoneiro.
O uso das anfetaminas gera efeitos colaterais e inibe o apetite. Um outro caminhoneiro que também não terá a identidade divulgada comparou o mal que sentia a um equipamento e disse também que quase não se alimentava.
“Com o tempo eu fiquei parecendo uma máquina de arroz, dá uma tremedeira muito grande, acelera o coração e em longo prazo sabemos que ele prejudica muito a saúde. Também não sentia fome, comia pouco, só trabalhava”, ressaltou.
Os motoristas não relataram consumir outras drogas, mas afirmaram que a cocaína também é utilizada por esses profissionais.
De acordo com a doutora, esta é uma das drogas mais perigosas, pois na fase de euforia o motorista arrisca mais. Outros efeitos que este entorpecente causa em geral são muito nocivos. Ela cita entre esses a perda de concentração, sensibilidade a luz, em virtude das pupilas dilatadas, o estágio de paranoias e alucinações.
Já o crack tem efeito parecido e com alguns outros agravantes por afetar a forma de reagir dos motoristas a algumas situações.
“Ele estimula a alta velocidade e uma direção mais agressiva. Altera o tempo de reação e a perda de sensibilidade na tomada de decisão”, relata a profissional.
As bebidas alcoólicas prejudicam de acordo com a quantidade ingerida, segundo a profissional. Dentre os prejuízos que estas causam nos sentidos, a doutora cita que a capacidade de percepção, reflexos, visão periférica e habilidade de controlar o automóvel ficarão comprometidas.
Fonte: Dourados News