O mercado financeiro espera, para 2015, a maior taxa de inflação em 11 anos, segundo levantamento do Banco Central. A expectativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre este ano em 6,99%.
Foi a quarta alta seguida nas estimativas do mercado financeiro para a inflação deste ano – uma semana antes, a previsão era de uma taxa de 6,67%. Se confirmada, a taxa de 6,99% será a maior desde 2004, quando ficou em 7,6%.
Com isso, a estimativa do mercado para o IPCA de 2015 segue acima do teto do sistema de metas. A meta central de inflação para este ano e para 2016 é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para mais ou para menos. O teto do sistema de metas, portanto, é de 6,5%. Em 2014, a inflação somou 6,41%, o maior valor desde 2011.
O relatório do BC, fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, mostra que houve, no entanto, recuo na estimativa de inflação para 2016: a previsão para a taxa caiu de 5,7% para 5,6% na última semana.
Cenário para a inflação em 2015
Mesmo com o baixo nível de atividade e com a queda dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional), fatores que atuam para conter a inflação, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros), continua pressionando os preços. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
O governo, para reorganizar as contas públicas, informou que não fará mais repasses para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) neste ano, antes estimados em R$ 9 bilhões. Com isso, a alta da energia elétrica neste ano pode chegar a até 40% em 2015.
Ao mesmo tempo, também anunciou o aumento da tributação sobre os combustíveis, o que pode gerar um aumento de mais de 8% na gasolina e de 6,5% no diesel nas próximas semanas. Com isso, os chamados "preços administrados", segundo o mercado, devem subir pelo menos 8,2% em 2015, o maior aumento em dez anos. O peso dos preços administrados no IPCA é de cerca de 25%.
Economia fraca
Ao mesmo tempo em que elevou sua estimativa de inflação para cerca de 7% neste ano, os economistas do mercado financeiro também baixaram sua previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano.
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, os economistas reduziram a estimativa de alta de 0,38% para 0,13% na última semana – na quarta queda consecutiva. Para 2016, a estimativa de expansão da economia caiu de 1,8% para 1,54% de alta na semana passada.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.
No fim de outubro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira saiu por pouco da recessão técnica no terceiro trimestre de 2014 – quando o PIB cresceu 0,1% na comparação com o trimestre anterior. De janeiro a setembro, a economia teve expansão de 0,2% frente ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado em quatro trimestres até setembro, a alta foi de 0,7%.
Na semana passada, durante encontro reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que espera um PIB "flat" (próximo de zero) neste ano. Ele anunciou, nas últimas semanas, aumentos de tributos e medidas para conter gastos públicos com o objetivo de resgatar a confiança na economia brasileira.
Taxa de juros
Para a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que avançou para 12,25% ao ano na semana passada, a expectativa do mercado é de 12,5% ao ano no fim de 2015 – o que pressupõe um novo aumento na taxa Selic. Para o término de 2016, a previsão do mercado é de que juros somem 11,5% ao ano.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Em 2015 e 2016, a meta central é de 4,5% e o teto é de 6,5%.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 permaneceu em R$ 2,80 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio avançou de R$ 2,85 para R$ 2,90 por dólar.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 recuou de US$ 5 bilhões para US$ 4,5 bilhões. Para 2016, a previsão de superávit comercial caiu de US$ 13 bilhões para US$ 10 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil subiu de US$ 58,2 bilhões para US$ 60 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte ficou estável em US$ 60 bilhões.
Fonte: G1