A secretária municipal de Educação, Angela Maria de Brito, poderá ser convocada à Câmara Municipal de Campo Grande para explicar a decisão, anunciada semana passada, de reduzir o período de atendimento nos Ceinfs (Centro de Educação Infantil). O assunto tomou boa parte do tempo da sessão desta quarta-feira (10) na casa.
Os motivos para a Semed (Secretaria Municipal de Educação) decidir reduzir o horário das creches estão em documento nas mãos do líder do prefeito na Câmara, Edil Albuquerque (PMDB), que diz ainda estar analisando a questão. Uma das justificativas, elenca ele, seria a necessidade de ressocialização das crianças, ou seja, elas devem passar mais tempo com a família.
Na prática, a ideia da Prefeitura é dividir em dois o período de atendimento nas creches, ampliando o número de vagas – ou reduzindo o déficit. “As famílias têm que se organizar”, disse a secretária ao vereador Chiquinho Telles (PSD), segundo ele, em telefone logo após discurso na terça-feira (9) no qual criticou a decisão.
Nesta quarta, Paulo Pedra (PDT) disse que vai apresentar requerimento para que a chefe da Semed vá ao plenário explicar a medida. Imediatamente, recebeu apoio de colegas como o próprio Chiquinho, além de Vanderlei Cabeludo (PMDB), Carla Stephanini (PMDB), Airton Saraiva (DEM) e outros.
Antes, Edil havia falado que está analisando a justificativa da Semed. Comentou que o ideal seria a mãe avisar, no ato da matrícula, se tem ou não condição de ficar com a criança meio período.
Na visão de outros colegas, a ideia é catastrófica para as famílias. “Em meio a um cenário em que, na campanha eleitoral, a escola integral foi um dos assuntos mais abordados, vamos retroceder?”, questionou Carla.
Chiquinho deu detalhes sobre o telefonema que disse ter recebido de Angela Maria. “Politicamente é péssimo para o prefeito (Gilmar Olarte)”, disse ele à secretária.
Segundo o vereador, ela disse que a decisão foi tomada em conjunto. “Então um conjunto teve essa ideia de jerico? De repente, tem criança de quatro anos que sabe cozinhar, sabe se virar sozinha, para terem essa ideia”, emendou o parlamentar, falando em propor audiência pública, com participação do Ministério Público e conselhos tutelares, para discutir o assunto.
Mais reclamações
Entre quem depende das creches municipais para cuidarem dos filhos, sobram reclamações e faltam soluções. “Eu trabalho, minha esposa também. Ainda não sei como vamos fazer”, diz o vigilante André Souza, de 30 anos.
“E as mães que não têm condições de buscar porque vão estar trabalhando? Elas terão que pagar babá para cuidar dos filhos, como?”, indaga Luciane Souza, 43 anos, avó de um aluninho de Ceinf.
O filho de quatro anos do operador de máquina Marcelo Alves, 25 anos, ainda tem futuro incerto. “Vamos ter que rever o orçamento da família e cortar gastos para pagar alguém que cuide dele”, diz o pai, ainda perdido após a decisão sobre os Ceinfs.
Fonte: Midiamax News