O entrevistado da semana do Dourados News é o médico e presidente da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), Ricardo Ayache. Candidato ao Senado Federal em 2014 pelo PT, ele nasceu em Aquidauana e se formou em medicina em 1993 pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Como Servidor Público do Hospital Regional, ele assumiu a diretoria de Assistência à Saúde da Cassems em março de 2001, sendo o responsável pela implantação de todo modelo assistencial da instituição, colocando-o frente a frente com os beneficiários e suas necessidades.

Em 2010, compôs como vice-presidente a chapa eleita. Em junho de 2010, Ricardo assumiu a presidência da Cassems com o desafio de dar continuidade ao trabalho sólido desenvolvido pela gestão anterior desde a fundação da entidade. Em 2013 foi eleito presidente para o triênio 2013-2016.

Nesta entrevista, ele fala sobre como trabalhou a saúde do servidor público, as conquistas junto à Cassems e como vê o futuro do brasileiro e dos projetos da entidade. “Nós vamos humanizar a saúde”, conta.

Confira:

Dourados News - Conte um pouco de sua trajetória na saúde pública de MS...

Ricardo Ayache - Bom, fui nomeado diretor de Assistência à Saúde do Previsul em 01 de dezembro de 1999 e desde então, dedico minha vida à saúde do servidor público de Mato Grosso do Sul. Com a reforma administrativa do Estado e a criação da Cassems, em 2000, assumi a Diretoria de Assistência à Saúde da Caixa dos Servidores, na gestão do então presidente Lauro Sérgio Davi. Lá, fui responsável por muitas decisões na reestruturação da Rede Credenciada, na construção da Rede Própria e na mudança da linha curativa para a linha preventiva. Agora, sou presidente da Caixa dos Servidores.

DN - Como foi esse desafio?

RA - Desde o início, foi um desafio muito grande, uma responsabilidade enorme receber a incumbência de ajudar a proteger a saúde dos servidores. Mas, aceitamos o desafio e vencemos as dificuldades juntos. O primeiro deles, foi obter a confiança dos profissionais de saúde na nova estrutura que estava sendo criada para que nós pudéssemos oferecer à família Cassems atendimento digno e de qualidade. E, ao estabelecer uma relação de transparência e respeito com ambas as partes, nós conseguimos adquirir a confiança de todos os que presenciaram o grande crescimento da Caixa dos Servidores. Não foi fácil, mas olhando para trás, nossa decisão corajosa de implantar e gerir nosso próprio plano valeu muito a pena.

DN - Nos fale sobre esse período à frente da entidade...

RA - Em 2010, assumi a presidência e com a experiência adquirida como diretor de assistência à Saúde, investimos em medicina preventiva, criando diversos programas de prevenção, como o Ônibus da Saúde, Odontologia Para Bebês, Viva Saúde, Casal Grávido, Cozinha Experimental, entre outros, sempre focado na saúde e na qualidade de vida do servidor. Nesta mesma linha, criamos os centros de prevenção da Cassems. O primeiro foi em Campo Grande, depois, por meio de parcerias com os Simteds – sindicatos dos profissionais de educação -, Aquidauana e de Nova Andradina. Outra parceria que deu certo foi com os Bombeiros para a criação de uma academia no quartel da região da Coronel Antonino, na Capital.

DN - Qual o resultado e o que motivou isso?

RA - A medicina preventiva trabalha com a mudança de hábitos, incentivando a alimentação equilibrada, a prática rotineira de exercícios, oferecendo palestras de conscientização e monitoramento dos resultados através do programa Viva Saúde. A população brasileira está vivendo cada vez mais, porém, precisamos viver esses anos ganhos com qualidade. Nós merecemos viver mais e melhor. A prevenção é a melhor atitude a ser tomada por qualquer indivíduo e, a partir do momento que o plano de saúde adota esta medida, deixando a linha curativa e assumindo a linha preventiva, tem condições de contribuir na mudança de paradigmas em assistência à saúde no país.

DN - Tem algum programa que merece destacar dentro desta administração?

RA - Um programa que merece destaque é o Cassems Itinerante que busca amenizar as dificuldades da população do interior do Estado no acesso à medicina especializada. O sucesso desse programa depende muito da parceria dos profissionais de saúde em aceitar o deslocamento para realizarem os atendimentos no interior. Constantemente fazemos um levantamento sobre a demanda de cada Unidade Regional Cassems e, ao recebermos as necessidades locais, faremos um cronograma, analisando sempre a viabilidade administrativa e também do profissional e formatamos um calendário que é divulgado com antecedência para os nossos beneficiários.

"Nesses quase 14 anos, a Caixa dos Servidores cresceu, se modernizou e hoje é um dos maiores planos de saúde de autogestão do país"

— Ricardo Ayache, presidente da Cassems

DN - Dentro de sua gestão, o que você vê com bastante importância?

RA - Adquirimos o hospital de Naviraí, ampliamos o de Dourados, construímos Centros Odontológicos em Glória de Dourados, Fátima do Sul, Paranaíba, Sete Quedas, Maracajú, Itaporã, ampliamos o Hospital Cassems em Ponta Porã, adquirimos a outra parte do hospital Cassems de Três Lagoas. Tudo isso sempre nos preocupando com a saúde dos servidores públicos do Estado. Inovamos também a gestão administrativa criando o Centro de Prevenção “Cássio Pereira do Nascimento” e adotamos diversos programas de prevenção, inclusive o Ônibus da Saúde, que visa melhorar, cada vez mais, a qualidade de vida dos beneficiários Cassems.

DN - Como funciona a Rede Própria?

RA - A Rede Própria é composta por oito Centros Médicos, 18 Centros Odontológicos, três Centros de Prevenção em Saúde e em 2016, com a conclusão da obra do Hospital Cassems de Campo Grande, serão nove hospitais. Em todas as cidades as quais inauguramos um hospital próprio, elas tornaram-se polos de atendimentos em saúde. Durante minha atuação como diretor de Assistência à Saúde, buscamos gerir com eficiência os recursos, priorizando a qualidade no atendimento e a garantia deste atendimento através da Rede Própria de Hospitais e dos Centros Médicos, estrategicamente descentralizados por todo o Estado, enfim, proporcionando uma vida melhor para todos.

DN - Como você enxerga a Cassems atualmente?

RA - Nesses quase 14 anos, a Caixa dos Servidores cresceu, se modernizou e hoje é um dos maiores planos de saúde de autogestão do país, graças ao trabalho desempenhado por todos os servidores públicos estaduais, seja nos Conselhos de Administração e Fiscal, ou na participação das Assembleias.

DN - São quantas pessoas beneficiadas?

RA - Hoje, são quase 190 mil beneficiários atendidos pela Cassems que, de alguma forma, nos apoiaram no dia a dia. Não tenho dúvida em dizer que este trabalho é o mais marcante no setor da saúde do Mato Grosso do Sul na última década. Esta conquista é fruto de muita dedicação, austeridade, inspiração e ousadia de colaboradores, diretores e conselheiros.

DN - Na sua opinião, quais os desafios para os próximos anos?

RA - Um dos maiores desafios é o envelhecimento populacional. Hoje, 7,4% da população do Brasil é de idosos e, segundo dados do IBGE, até 2060, serão 60% da população. Nós estamos acompanhando o fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro. O resultado dos avanços da medicina trará para o Estado o bônus de uma maior população economicamente ativa, porém, não menos intenso será o ônus das doenças degenerativas, osteoarticulares, ontológicas e cardiovasculares. Devemos nos preparar. Queremos lançar o projeto Cassems 2050, centrado fortemente na prevenção e promoção da saúde para proporcionar, não somente vida longa, mas qualidade de vida. Todos merecemos viver mais e melhor. Nós vamos humanizar a saúde.