Piloteiro descreve naufrágio de barco-hotel no rio Paraguai (Foto: Tatiane Queiroz/ G1 MS)
O piloteiro Bernardino Corrêa Anastácio, de 51 anos, que trabalha na cidade de Porto Murtinho, viu o barco-hotel "Sonho do Pantanal" naufragar nas águas do Rio Paraguai. Ao G1, ele relatou que a embarcação rodou ao ser atingida pelo tornado, virou e depois afundou rapidamente.
"Fez como se fosse um barco de papel, rodou e afundou. Meu barco já estava aportado quando tudo aconteceu", relatou. O piloteiro, que já trabalha há aproximadamente 30 anos no Rio Paraguai, afirma que nunca viu nada igual. "O que aconteceu aqui, eu nunca tinha visto, foi muito triste", relatou. O tornado atingiu a cidade minutos depois do piloteiro transportar o último turista.
O acidente foi na última quarta-feira (24). Até a tarde desta sexta-feira (26), onze corpos foram resgatados das águas até a manhã deste sábado (27). Três pessoas continuam desaparecidas. O barco-hotel "Sonho do Pantanal" naufragou durante uma tempestade com ventos fortes que atingiu a cidade. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é possível que um tornado tenha atingido a região, provocando estragos e contribuindo para o naufrágio da embarcação.
Segundo a Marinha e Corpo de Bombeiros, a princípio 27 pessoas estariam a bordo da embarcação, sendo 16 turistas e 11 tripulantes, mas o número foi atualizado nesta sexta-feira (26) para 26, sendo 16 turistas brasileiros e 10 tripulantes paraguaios. Cinco turistas que estavam na embarcação e sete tripulantes foram resgatados com vida, e não oito tripulantes, como informado anteriormente.
Esse é o segundo acidente com barco no rio Paraguai em Mato Grosso do Sul em uma semana. Na terça-feira (23), uma embarcação boliviana naufragou e duas pessoas morreram.
Barco-hotel
Segundo o capitão-tenente da Agência Fluvial de Porto Murtinho, Alexandre Brandão da Silva, a embarcação paraguaia está a 17 metros de profundidade e só deve ser retirada da água após autorização da empresa proprietária do barco. Após isso, a remoção deve ser feita pela Armada Paraguaia.
Força-tarefa
Ao total, 14 mergulhadores de Campo Grande, Aquidauana, Jardim e Porto Murtinho e mais 6 mergulhadores da Armada Paraguaia vasculham a região do rio onde o barco afundou.
A Marinha do Brasil está dando apoio com barcos e estrutura. O trabalho conta com ainda com apoio da Polícia Militar Ambiental (PMA) e do Exército. A Polícia Civil trabalha na identificação dos corpos resgatados. A operação foi batizada de "Pesadelo do Pantanal".
Turismo de pesca
O grupo de turistas do norte do Paraná estava hospedado na chalana desde a última sexta-feira (19). Eles embarcaram na cidade de Carmelo Peralta, na fronteira do Paraguai com o Brasil. Esta foi a quarta vez que o grupo contratou os serviços da empresa para pescar no rio Paraguai. Familiares das vítimas acompanham os trabalhos de resgate às margens do rio.
Sobreviventes
Um dos turistas que sobreviveram, o agricultor Valdecir Fernandes Freitas, 47 anos, descreveu ao G1 como foi o acidente. "O tornado veio de repente, passou e deixou a desordem dele. Passar por aqui agora, só de avião. Barco nunca mais. Agora rezamos para que os corpos dos nossos companheiros sejam encontrados", afirmou.
Decreto de emergência
No início da noite de quinta-feira (25), o prefeito de Porto Murtinho, Heitor Miranda, assinou o pedido de decreto de emergência por conta dos prejuízos causados pelo temporal que atingiu a cidade na última quarta-feira (24). O pedido será mandado para governo estado e, se necessário, para o Ministério da Defesa.
Fonte: G1-MS