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Postada por: João Guizolfi dia 18/08/2014
Adolescentes infratores seguem códigos do tráfico; torturas podem durar horas
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Acusado de ser X-9, jovem foi torturado por outros adolescentes (Foto: Divulgação)


Não bulir, não levantar falso testemunho e não caguetar (dedurar). Nas paredes dos alojamentos das unidades para menores infratores no Rio, os jovens reproduzem o código de conduta das facções criminosas do Rio que também são seguidos dentro do sistema prisional. O descumprimento das regras dentro das unidades do Departamento de Ações Socioeducativas (Degase) leva a punições, muitas vezes com violência.


As regras para as ocasiões nas quais as famílias estão nas unidades são as mais rígidas. Em junho do deste ano, X., de 17 anos, foi torturado por seus colegas de alojamento no Educandário Santo Expedido, em Bangu, após ser flagrado se masturbando no dia de visita, o que não é permitido dentro do código de conduta dos adolescentes. O garoto apanhou com um fio de telefone, que deixou marcas em seu peito e costas. Em dezembro de 2008, um jovem foi espancado até a morte por adolescentes dentro do Santo Expedito, pois deixou um pedaço da barriga à mostra durante a visita.


- Queriam matar meu filho, porque ele não seguiu as regras. Ele mesmo disse que deu muita sorte de ter sobrevivido. Fiquei chocada, mas ele explicou que é assim que as coisas funcionam lá dentro - conta a mãe de X., que continua internado por roubo.


As punições para aqueles que são suspeitos de serem dedos-duros também são rígidas. Acusado de ser X-9, um jovem de 18 anos internado no Educandário Santo Expedito, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, foi torturado durante cerca de quatro horas por cinco adolescentes de seu alojamento, no dia 9 de junho deste ano. Com pernas e braços amarrados, o rapaz levou chutes, socos, e pancadas na cabeça, sendo o tempo todo ameaçado de morte. A sessão de espancamento chegou a ser interrompida para que os agressores assistissem a um filme na televisão. Ao fim das agressões, um dos garotos pegou uma lâmina de barbear, e escreveu, em seu peito, a sigla X-9. Ele ainda foi cortado nos braços, pernas e costas.


Cumprindo internação por furto, mas já com um longo histórico de passagens pela polícia, depois do episódio, o jovem foi transferido para o Centro de Atendimento Intensivo Belford Roxo (CAI-Baixada), onde está atualmente.


Em novembro do ano passado, outro jovem, também de 18 anos e internado no Santo Expedito, já tinha passado por situação semelhante. Durante quatro horas, ele foi torturado por colegas de alojamento, inclusive com a pá de um ventilador. Com uma lâmina, teve o peito marcado com a sigla X-9 e o nome da maior facção criminosa do Rio ao lado. Após as agressões, ele foi transferido para o Centro Integrado de Tratamento ao Uso e Abuso de Drogas (Cituad), de onde acabou fugindo.


O presidente do Sind-Degase, Marco Aurélio Rodrigues, afirma que o Santo Expedito é a unidade na qual os casos de punições por descumprimento dos códigos são mais frequentes, por causa da promixidade com o Complexo Penitenciário de Gericinó, cuja entrada fica ao lado da unidade. As outras unidades de internação da capital ficam na Ilha do Governador.


- Essa proximidade da instituição com o sistema prisional é péssima. O código do sistema é reproduzido ainda com mais força lá. Vira uma referência e acaba reproduzido em todas as unidades. Antes de termos uma unidade ao lado do complexo não era assim - opina Marco Aurélio.


Fonte: EXTRA







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