O Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), soube semanas antes da aplicação da prova que teria de anular uma das 180 questões, mas só divulgou isso depois que cerca de 2,6 milhões de alunos fizeram a avaliação.
A pergunta estava na prova de linguagem e tinha mais de uma alternativa correta. O Inep não soube dizer quais eram as respostas certas. A anulação foi decidida por uma equipe do órgão quando as provas eram impressas pela segunda vez, após o vazamento da primeira versão, em setembro, que acabou levando à anulação do exame.
Em entrevista publicada ontem pelo jornal "O Globo", o presidente do instituto, Reynaldo Fernandes, disse que não havia tempo para corrigir o erro e que não dava para avisar os estudantes. "Não tinha como anunciar antes: 'olha, vamos fazer uma prova que vai ter uma questão que vai ser anulada'", disse ele, segundo o "O Globo". Procurado pela Folha, o Inep não comentou o caso ontem.
O Enem deste ano teve 180 questões, que poderiam, cada uma, ser resolvida em três minutos em média. Após o exame, alunos reclamaram de falta de tempo para terminar a prova.
Para Miguel Castro, professor de história e diretor da editora do cursinho COC, a falta de aviso fez o estudante perder tempo. "Uma questão com duas alternativas deixa o aluno nervoso, inseguro", afirmou.
Edmilson Motta, coordenador do Etapa, concorda, mas avalia que seria complicado avisar os alunos, uma vez que a prova é aplicada em mais de 9.000 locais --estudantes de áreas mais isoladas poderiam não ficar sabendo, e isso geraria desigualdade de condições.
Fuvest, Vunesp e Cespe, que fazem vestibulares e concursos públicos, disseram que, sempre que anularam questões, decidiram isso após aplicar a prova.
O caso é mais um tropeço do Enem desde que o MEC anunciou, em março, a intenção de reformular a prova para utilizá-la como forma de ingresso nas universidades federais.
Fonte: Folha