A oferta de etanol nesta safra será maior que a prevista inicialmente, o que pode contribuir para preços mais baixos ao consumidor final.
A produção na região Centro-Sul deve atingir 27 bilhões de litros, segundo estimativa da Copersucar, principal comercializadora de açúcar no país. O volume é 29% maior que o da safra passada, de 21 bilhões de litros.
Na Copersucar, 57,5% da cana processada será destinada à produção de etanol --o restante (42,5%) produzirá açúcar. "Antes, prevíamos 55% para o etanol", disse ontem o presidente da empresa, Paulo Roberto de Souza.
Apesar dos recentes incentivos tributários -em abril, o governo zerou PIS e Cofins para o etanol--, o maior interesse em produzir álcool deve-se ao clima.
O diretor-técnico da Unica (associação do setor), Antonio de Pádua Rodrigues, diz que as chuvas registradas entre o final de maio e o início de junho no Centro-Sul devem reduzir o teor de sacarose na cana, favorecendo o etanol em detrimento do açúcar.
A produção de álcool também é estimulada pela queda do preço do açúcar. Do total, 15 bilhões de litros serão etanol hidratado. A oferta será superior ao consumo doméstico, que em 2012 ficou em 10 bilhões de litros.
Como a tendência é de queda para as exportações, por causa da provável supersafra de milho nos Estados Unidos, o excedente deve ser destinado ao consumidor brasileiro.
"Acreditamos que a paridade [entre álcool e gasolina] cairá para 62%. Com isso, o consumo mensal subiria para 1,8 bilhão de litros mensais, o suficiente para absorver o excedente", diz Souza.
Se a expectativa dele for confirmada, o etanol na bomba deverá cair para perto de R$ 1,69 o litro -na semana passada, o preço médio era de R$ 1,84 em São Paulo, segundo pesquisa da Folha.
A estimativa da Copersucar para a produção de açúcar no Centro-Sul é de 35 milhões de toneladas, dos quais 9 milhões serão vendidos pela empresa. Desse volume, 7,5 milhões de toneladas serão exportadas, alta de 41% ante a temporada anterior.
Esse aumento será possível graças ao novo terminal de açúcar na empresa, inaugurado ontem no porto de Santos (SP). Com o projeto, que consumiu R$ 130 milhões, a empresa dobra a sua capacidade de exportação para 10 milhões de toneladas.
O terminal é parte do plano de investimento da empresa em logística, de R$ 2 bilhões até 2015. No próximo dia 17, a empresa e parceiros inauguram o primeiro trecho do duto que ligará Goiás, Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. O primeiro trecho foi construído entre Ribeirão Preto e Paulínia, em São Paulo.
Fonte: Folhaonline