Aproximadamente 300 manifestantes participam de marcha pela demarcação de terras indígenas e quilombolas e agilização do processo de reforma agrária. Nesta terça-feira (4), o grupo está na BR-163, próximo ao distrito de Anhanduí, a 43 km de Campo Grande e deve chegar à capital até quinta-feira (6). A ação foi organizada, principalmente, após a morte do índio terena Oziel Gabriel, ocorrida no dia 30 de maio, em conflito durante reintegração de posse em Sidrolândia.
A manifestação tem a participação de índios e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Segundo a representante da direção nacional do MST, Atiliana Brunetto, o grupo reuniu-se no domingo (2) e faz caminhadas de 15 a 18 km por dia, parando no caminho para acampar.
Atiliana disse ao G1 que a morte de Oziel Gabriel foi o motivo desencadeador do protesto. “Queremos denunciar essa situação grave que é o conflito de terras”. Segundo a representante do MST, após chegar em Campo Grande, os manifestantes vão decidir como irão finalizar o protesto: entre as possibilidades cogitadas, a elaboração de um documento ou a ocupação do prédio do Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra).
O índio Oriel Kaiowá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, diz que 70 índios participam do protesto, a maioria, da etnia guarani-caiuá. Ele diz que aguarda a adesão de índios terena e de outras etnias até a chegada em Campo Grande. "Esta manifestação é de indignação".
O grupo ocupa meia pista da BR-163 na marcha, deixando o tráfego lento no percurso. Duas viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanham a marcha e controlam o trânsito.
Conflito
A fazenda Buriti foi ocupada em 15 de maio. No dia 30 de maio, Oziel Gabriel, de 36 anos, morreu após cumprimento de mandado de reintegração de posse. Houve confronto entre indígenas e policiais. Na sexta, a propriedade foi novamente ocupada pelos terena.
A Buriti está em área reivindicada pelos índios em um processo que se arrasta há 13 anos. A terra indígena Buriti foi reconhecida em 2010 pelo Ministério da Justiça como de posse permanente dos índios da etnia terena. A área de 17,2 mil hectares foi delimitada, e a portaria foi publicada no Diário Oficial da União. Mas até hoje a Presidência da República não fez a homologação. O relatório de identificação da área foi aprovado em 2001 pela presidência da Funai, mas decisões judiciais suspendem o curso do procedimento demarcatório.
Uma decisão judicial, dada no domingo (2), determinou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) fizesse a reforma pacífica dos índios da fazenda.
Fonte: TV Morena