A união das duas maiores companhias de ensino privado do país --Kroton e Anhanguera Educacional--, anunciada nesta segunda-feira (22), criará um grupo avaliado em cerca de R$ 13 bilhões, incluindo dívidas, e geração de caixa próxima de R$ 1 bilhão só neste ano.
Pelo acordo aprovado por ambas as diretorias, a Kroton vai incorporar a Anhanguera em uma troca de ações estimada em R$ 5 bilhões. A operação ainda está sujeita à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
As ações da Kroton terminaram o dia em alta de 8,38%, cotadas a R$ 27,25, e as da Anhanguera subiram 7,76%, para R$ 36,80.
O negócio ocorre em um momento aquecido para fusões e aquisições no setor devido à ascensão social de milhões de brasileiros e ao aumento da renda.
Kroton e Anhanguera, que cresceram rapidamente nos últimos anos em meio a incentivos governamentais para o ensino privado e aquisições de companhias menores, disseram que o potencial de sinergia serão "bastante relevantes" em termos de receitas, operações comerciais e em custos e despesas gerais e administrativas.
MAIOR DO MUNDO
"Considerando as estimativas divulgadas pelas companhias anteriormente, o Ebitda da companhia chegará próximo a R$ 1 bilhão em 2013", disse o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, que será o futuro presidente-executivo da empresa a ser criada após a aprovação do negócio por autoridades de defesa da concorrência.
Em 2012, o Ebitda --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação-- somado das duas empresas ficou em pouco mais de R$ 700 milhões.
"Nós já éramos a primeira e a terceira maiores companhias do mundo em valor de mercado. Juntas, somos mais que o dobro da segunda maior companhia de educação do mundo, a New Oriental", disse Galindo em teleconferência com analistas.
Segundo ele, o valor de mercado das duas juntas chega a US$ 5,9 bilhões. A chinesa New Oriental tem valor de mercado de US$ 2,9 bilhões.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
A transação confirma a estratégia da Kroton de mirar aquisições de grande porte. No início de abril, Galindo havia afirmado em entrevista à agência de notícias Reuters que daria prioridade a aquisições de instituições de grande porte voltadas ao ensino presencial.
Enquanto a Kroton está mais concentrada em ensino superior no Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Paraná, a Anhanguera está presente em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A nova empresa terá cerca de 1 milhão de alunos entre ensino superior --presencial e a distância-- e educação básica --que continuará nos planos dos grupos, segundo Galindo.
Em 2011, o país tinha 6,73 milhões de alunos matriculados em cursos de ensino superior presenciais e a distância. Deles, 4,96 milhões eram alunos da rede privada e 1,77 milhão da rede pública, segundo o Censo da Educação Superior do Inep (instituto de pesquisas do Ministério da Educação).
CONCORRÊNCIA
As empresas evitaram fazer comentários sobre quando o Cade poderá julgar o acordo, mas afirmaram há sobreposição de atividades presenciais em apenas quatro das 80 cidades em que estão presentes.
"Nossa participação de mercado no Brasil como um todo é baixa e existem poucos municípios, tanto em ensino a distância quanto no presencial, que têm sobreposição", disse Galindo sem dar mais detalhes.
CONSELHOS
O presidente do conselho de administração da nova empresa será Gabriel Rodrigues, atual presidente do conselho da Anhanguera e um dos antigos donos da universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
Para comandar a transição, Ricardo Scavazza deixará a presidência-executiva da Anhanguera e será sucedido por Roberto Valério, atual vice-presidente de operações. Após a união, Scavazza assumirá um posto no conselho de administração.
Segundo Scavazza, as empresas continuarão "totalmente independentes" até a aprovação da união pelo Cade.
Fonte: Folhaonline