Pelo quintal da casa da avó, bonecas e sacolas de roupas. Tudo vindo de doações de amigos e gente que ainda não conhecia a família, mas se solidarizou com quem perdeu tudo para o fogo.
Emerson Ricardo Rodrigues Borges, 34 anos, Elisângela da Silva Delgado, 33 anos e as duas filhas gêmeas, Júlia e Nathalia de 3 anos, estão desde a madrugada do dia 26 de agosto na casa da avó materna, no bairro Portal Caiobá II depois que um incêndio destruiu a casa da família por completo, no bairro São Conrado, em Campo Grande.
Por coincidência, enquanto o Campo Grande News conversava com eles, as crianças viam de longe um terreno baldio queimando. Apontavam dizendo que era fogo e que os ‘homens’ viriam apagar. Reflexos da cena repassada na cabeça das meninas, que não viram as chamas levarem todos os brinquedos e roupinhas, mas sabem que a casa onde viviam não existe mais.
“Elas pedem para ir. Nós conversamos, explicamos, eu vou ter que levar elas lá para entenderem. Acho que só vão acreditar que realmente não tem nada quando verem. Mas as bicicletas delas estão lá, só o aro, mas dá para identificar que é delas. Elas sabem que queimou, mas não quero que elas vejam assim, até a gente poder comprar uma bicicleta nova”, diz Elisângela.
Por ‘sorte’, palavra que a própria família usa, eles não estavam em casa. Foram avisados, depois, pelos vizinhos. Era aniversário do avô das meninas e todos comemoravam em um churrasco na Vila Nhanhá.
“Sorte que não estávamos em casa, pelo horário ia estar todo mundo dormindo já. Porque nessa situação, a gente não pensa em se salvar, pensa em combater o fogo”, ressalta Elisângela.
“Era umas 23h, os vizinhos começaram a ligar, avisando que havia pegado fogo. Para mim era fogo simples, quando cheguei e vi, fiquei sem reação nenhuma. Perdemos tudo, só sobrou a roupa do corpo”, desabafa Emerson.
A família não sabe como o fogo começou. A casa era dividida entre Elisângela e o irmão. Da parte dele, tudo também foi queimado.
“Na hora a gente não acreditava. Eu mesma, entrei em estado de choque, a sensação que você tem é que quando acabar, você vai entrar. Mas acabou tudo e aí caiu a ficha, não tenho para onde entrar”, desabafa Elisângela.
Desde domingo, dia 26, a família tenta fechar os olhos a noite, mas o sono demora a vir. A sensação de realmente ter só a roupa do corpo é inimaginável para quem nem se quer viu um curto circuito dentro de casa.
“Domingo acordei e pensei que roupa eu vou por? Você fica sem reação nenhuma”, fala a mulher.
O casal trabalha. Ele é motorista e ela secretária. Juntos falam que vão reconstruir tudo. Começando por materiais de construção e móveis. Para ajudar nas despesas, um churrasco será realizado no próximo dia 16, no Centro Comunitário do Buriti. O convite custa R$ 10. O telefone para contato é o 9252-3914.
A casa era de Elisângela, que cresceu ali. O casal morava no local há quatro anos. “Era casa de infância, onde cresci e cada coisinha que você compra, tem um valor sentimental”, finaliza.
Fonte: CG News