Avenida Weimar Tores na década de 70 (Foto: Arquivo/Família Virote)

Quem foi esse ilustre personagem que empresta o seu nome à principal avenida de nossa cidade? O autor do projeto de criação do município de Naviraí nasceu aos 6 de dezembro de 1922, na cidade de Ponta Porã (MS) e veio ao mundo com o nome de Weimar Gonçalves Torres. Era filho do advogado Dr. José dos Passos Rangel Torres, natural do Estado da Paraíba e de dona Dionísia Gonçalves Torres, natural de Ponta Porã.


Wiemar fez os primeiros estudos no Grupo Escolar e no Colégio Salesiano de sua cidade natal. Bacharelou-se em Ciências e Letras no então Ginásio Municipal “Dom Bosco”, em Campo Grande. Lutando contra as maiores dificuldades seguiu para o Rio de Janeiro, onde, trabalhando durante o dia e estudando à noite, formou-se em advocacia, pela tradicional e austera Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, no ano de 1947.


Imediatamente regressa a Mato Grosso e, em maio de 1948, instala-se com a sua banca de advocacia, sendo ele o primeiro advogado de Dourados. A 29 de janeiro de 1951 contrai matrimônio com a jovem Adiles do Amaral, filha do senhor Vlademir Muller do Amaral, agrimensor, pecuarista e comerciante e de dona Theodolina Ugolini do Amaral, ambos nascidos no Rio Grande do Sul.


Jornalista desassombrado, poeta de grande sentimento e político de rara fibra, Weimar lança-se na luta pela vida, com a vontade férrea de vencer. Em 1950 se elegeu vereador à Câmara Municipal de Dourados, tendo tomado posse dois dias após seu casamento. Filiado ao Partido Social Democrático (PSD), no qual ingressara em 1945, quando ainda era estudante, tomou parte na campanha que levou o General Eurico Gaspar Dutra à presidência do Brasil.


Era um trabalhador incansável, e já no dia 21 de abril do mesmo ano lança o primeiro número do Jornal “O Progresso”, semanário que ele fundou, num sonho de poeta, para viver e pulsar com o coração deste povo. Desde então, vem “O Progresso” registrando, com imparcialidade, as lutas, os avanços, os recuos, as dores e as alegrias desta gente valorosa que soube transformar a pequena vila de então na grande e pujante Dourados de hoje – “A Princesa dos Meus Sonhos”, como ele a batizara.


Reeleito Vereador em 1954, continuou a sua luta política, com firmeza, tenacidade e inteligente equilíbrio. Weimar, antes de tudo, era um homem organizado. Tudo o que era seu, tinha o seu lugar. Sonhavam com um filho que lhes completasse a felicidade do lar, e, eis que, a 1º de julho de 1959, nasce a primeira filha, a graciosa e inteligente June Ângela.


Candidato a Deputado Estadual em 1959, não alcançou a vitória desejada, tendo exercido o mandato por apenas três meses, como suplente. Neste mesmo período exerce o cargo de Promotor Público de Justiça na Comarca de Dourados e dirigiu a Rádio Clube de Dourados, tendo então, organizado a sua discoteca. Era um dos colaboradores dos Estatutos do Clube Social de Dourados, tendo sido o seu terceiro presidente.
Weimar Torres jamais recusava um encargo, quando disso pudesse aderir algum melhoramento para a comunidade douradense. Foi um dos membros fundadores do Rotary Clube de Dourados e também fez parte do Lions Clube de Dourados.


A 5 de março de 1961, Deus enriqueceu seu lar com um lindo garoto, Weimar Torres Júnior, que é o seu retrato. Sempre lutando, de novo, se candidata a uma cadeira na Assembléia Legislativa de Mato Grosso. Adota por lema de sua vida pública a sentença latina – “Libertas mihi mumen” – “A liberdade é minha inspiração” e conseguiu, desta vez, sair vitorioso. Transladou-se, com a família, para a velha Cuiabá, e lá, como líder da oposição, conseguiu se impor perante seus pares, não só como um grande tribuno, mas também como deputado íntegro e leal à toda prova.


Organizou com alguns amigos, o jornal “A Tribuna Liberal”, que, até dezembro de 1969, circulava semanalmente em Cuiabá. A 5 de maio de 1965 a cegonha visitou novamente o seu lar, trazendo ao mundo a bela menina Blanche Maria. Trabalhando, escrevendo, lutando ora em um ora em outro setor da vida pública, Weimar entra na batalha da sucessão governamental e se torna o líder absoluto da região de Dourados na campanha memorável que leva ao Palácio Alencastro o ilustre Engenheiro Dr. Pedro Pedrossian.


Foi em 1966 que conseguiu realizar a aspiração máxima de sua vida pública, elegendo-se Deputado Federal. Pertencia à Comissão de Finanças da Câmara Federal. Era um deputado assíduo e cônscio de suas responsabilidades. Ali cumpriu sempre com o seu dever, colocando a consciência e a Pátria acima de tudo. Colocou grandes dotações nos orçamentos para a Casa da Criança Desamparada de Dourados, instituição idealizada por ele como membro do Lions Clube.


Weimar desejava ardentemente organizar uma Fundação para distribuir bolsas de estudos aos estudantes pobres, mas Deus assim não o permitiu. Quando regressava de Brasília para junto de sua família, na noite de 14 de setembro de 1969, tragicamente, veio a falecer, vítima de um desastre de avião, ocorrido na cidade de Londrina (PR).


A cidade de Dourados, na maior concentração pública da sua história, em prantos, prestou a sua dolorosa homenagem de gratidão ao seu deputado federal, ao seu indomável jornalista e ao seu poeta querido, conduzindo-o, entre lágrimas e dores, para a sua última morada.
Uma de suas belas inspirações poéticas é:


SENHOR DEUS
Pela luz, pelo mar, pelas crianças
Pelo encanto do sol e dos sonhos meus,
Pelo supremo bem das esperanças
Eu te bendigo e canto, Senhor Deus.
Dai-me forças, o talento e a liberdade,
Abriga-me do mundo sedutor,
E protege, Senhor, por piedade,
Minha mãe, minha terra e meu amor!


Rio de Janeiro, julho de 1945.
Weimar Torres

*PAULO HAMILTON MARINHO é professor aposentado da Rede Estadual de Ensino e colaborador deste site. Ele é membro da Associação Naviraiense dos Poetas e Escritores.

Fonte: Da redação