A dona de casa Déborah Carla Pagani, de 44 anos, se recupera da cirurgia que fez na última terça-feira (14) para doar um rim ao marido. Em entrevista ao G1, ela contou que era usuária de crack e precisou lutar contra o vício para poder doar o órgão.
Déborah explicou que o marido, Antônio Pagani, de 62 anos, convivia há vários anos com uma insuficiência renal e já havia perdido um dos rins por conta da doença. “Eu via meu marido indo às sessões de hemodiálise e lutando para ficar vivo, enquanto eu estava me matando com as drogas”, lembrou ela.
Os médicos recomendaram que Antônio fizesse um transplante e a esposa se ofereceu como doadora, mas não passou na avaliação dos médicos por ser usuária de drogas. “Eu fiquei arrasada, mas a força de vontade do meu marido me motivou. Comecei um tratamento e consegui parar de usar crack para poder ajudá-lo a ter uma vida melhor”, contou.
Déborah lembrou ainda de como foi difícil se livrar das drogas e disse que chegou a ter recaídas. "No ano passado perdi o meu filho de 22 anos que era policial. Foi um grande trauma e eu voltei a usar crack. Tive uma recaída, mas me recuperei", contou a dona de casa.
Ela e o marido estão internados na Santa Casa de Campo Grande. Segundo informações da médica nefrologista, Thais Vendas, o transplante durou cerca de 7 horas e o casal passa bem.
A médica explicou que Déborah teve que passar por diversos exames para poder ser doadora. “O risco de um usuário de drogas contrair doenças como hepatite ou HIV é maior. Os exames foram necessários para nos certificarmos de que o transplante não causaria nenhum risco para o paciente”, explicou Vendas.
Déborah e Antônio são casados há 14 anos e moram em Naviraí. O casal revelou que já planejana uma nova lua de mel, na praia, para comemorar o novo órgão recebido pelo marido.“Estou muito feliz. Agora é vida nova”, comemorou Antônio.
Segundo informações do setor de transplantes renais da Santa Casa, o casal deve ter alta na próxima semana.
Riscos
A médica nefrologista Thais Vendas explica que o transplante de rim é uma alternativa de tratamento para melhorar a vida do paciente que tem problemas renais crônicos. No entanto, ela alerta que, como toda cirurgia normal, o procedimento apresenta riscos e necessita de diversos cuidados pós-operatórios.
“O paciente transplantado deve ter um acompanhamento médico rigoroso e cuidados redobrados com a saúde e a alimentação. Deve fazer exames periódicos, de dois em dois meses, para monitorar o funcionamento do novo rim”, recomendou a especialista.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Santa Casa, este foi o 4º transplante de rins realizado no hospital neste ano.
Fonte: G1 MS