Quando a bola subiu em Mar del Plata na noite de quinta-feira, o Brasil já tinha o direito de escolher o adversário do seu jogo mais importante nos últimos 16 anos. Por via das dúvidas, a equipe de Rubén Magnano escolheu vencer. E assim aumentou o embalo na última escala antes da semifinal decisiva deste sábado. A vítima da vez foi Porto Rico, jantado sem cerimônia com o placar de 94 a 72 no ginásio Ilhas Malvinas. E o resultado significa que, entre a seleção brasileira e os Jogos de Londres-2012, só existe mais um obstáculo: a República Dominicana, justamente o único algoz em oito confrontos na Copa América de basquete.
A partida que vale o passaporte começa às 19h de sábado. Na sequência, às 21h15m, outra decisão: Argentina e Porto Rico lutam pela segunda vaga em Londres. Os perdedores ainda têm uma chance na repescagem mundial, no ano que vem, que também contará com a Venezuela e com equipes de outros continentes. A última vez que o basquete masculino do Brasil pisou em solo olímpico foi em Atlanta-1996, ainda com a geração de Oscar Schmidt.
Para quem tinha derrubado os campeões olímpicos na véspera, Porto Rico pareceu uma presa fácil na quinta-feira. E o Brasil aproveitou para ver uma atuação convincente de Tiago Splitter, que ainda não tinha brilhado no torneio. Com 17 pontos e cinco rebotes, o pivô fez o que quis com Renaldo Balkman e pegou embalo para o jogo decisivo. Marquinhos puxou o ataque no primeiro tempo e terminou como cestinha, com 18. A equipe fecha a segunda fase em primeiro lugar, à frente da Argentina, dona da casa.
- Se alguém diz que não esperava ficar em primeiro lugar, significa que não sonha. Acontecem várias coisas no caminho que poderiam não nos deixar nessa posição. O importante aqui foi que, depois da derrota para a Dominicana, a equipe se recuperou muito bem na segunda fase. E vamos continuar assim até sábado, porque aí é o grande passo – afirmou Rubén Magnano, lembrando que o mais importante é não repetir a quantidade de desperdícios de bola do jogo na primeira fase.
Barea abriu o placar, mas o Brasil logo tomou o controle do jogo. Com a defesa apertando e um bom aproveitamento no ataque, a diferença logo chegou a nove. Marquinhos logo explodiu no ataque, Splitter jantou os pivôs adversários, e ao fim do primeiro quarto a diferença já era de 14: 29 a 15. Isso porque Arroyo ainda conseguiu um arremesso no último segundo, após ser sufocado por Alex durante todo o período.
No segundo quarto o jogo ficou tenso. Barea, que já tinha dado um empurrão por trás em Huertas, levou um chega-pra-lá de Augusto. A arbitragem teve de intervir para acalmar os ânimos. Pouco depois, Marcelinho reclamou de ter sido atingido no rosto ao tentar um chute de três. Ao fim do quarto, o ala encarou Barea, Alex e Arroyo conversaram no centro da quadra, e os jogadores foram para o vestiário em clima de tesão. No placar, ao contrário, tudo tranquilo: Brasil 47 a 30, com dez pontos de Marquinhos, nove de Machado e oito de Splitter.
Na volta do intervalo, uma dose extra de conforto: a seleção abriu o terceiro período com uma sequência de 6 a 0. Atordoados, os portorriquenhos pareciam já conformados em enfrentar a Argentina. A diferença chegou a 31 pontos, e Flor Meléndez se viu obrigado a pedir tempo. A pequena torcida verde-amarela se empolgou e foi fortemente vaiada pelo restante do ginásio. A pressão não adiantou. Rafael Hettsheimeir, herói da véspera contra a Argentina, deu uma enterrada espetacular num rebote, mas levou uma falta técnica por ter se pendurado por muito tempo no aro. A resposta à arbitragem veio com outro Rafael, o Luz, que acertou a mão de três no estouro do relógio para cravar uma diferença mais do que folgada na passagem para o último quarto: 77 a 49.
No início do último quarto, Benite em lance de Neymar. Pressionado pelos portorriquenhos numa disputa de bola, ele mostrou enorme habilidade ao fintar praticamente todos os jogadores adversários, arrancando suspiros das arquibancadas. Ainda faltavam sete minutos para o fim da partida, mas na prática já tinha acabado. De relevanta, só a primeira cesta de Nezinho, que ainda não tinha marcado no torneio. E fez logo duas. De resto, o pensamento já estava dois dias depois. Sábado. Sete da noite. O jogo da vida.
Fonte: Sportv.com