Nos preparativos para receber visitantes na Copa de 2014, é assim que está o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense. Dono de uma coleção de belezas, ele será um dos 23 parques abertos à visitação, uma forma vista pelo chefe nacional de preservação, através do ecoturismo.
"Se torna uma estratégia da convervação da biodiversidade porque os turistas vão cobrar exuberância. Fui lá visitar e não vi nada, eles vão querer ver tudo, o que de uma forma indireta contribui para a preservação", observa o chefe José Augusto Ferraz de Lima, de 60 anos.
Formado por 135 mil hectares, o Parque já está no estado vizinho, do Mato Grosso, mais precisamente na cidade de Poconé. Criado em setembro de 1981 guarda dentro de si o último reduto pesqueiro conservado na região.
A missão do Parque é uma única que se divide em várias vertentes, de preservar a maior terra úmida continental do planeta, além de promover o conhecimento e a conservação da biodiversidade contribuindo para a criação de oportunidades socioeconômicas por meio do ecoturismo.
O investimento para a Copa é pequeno comparado às vantagens do que será visto no local. A proposta é de criar oportunidades para os barcos hoteis, que ficarão ancorados no Parque, que vai oferecer aos turistas a estrutura urbanizada de banheiros e centro de visitações.
"Eles vem, visitam e voltam para o barco, não vamos oferecer estrutura de hospedagem, isso será com os barcos", explica José Augusto.
A verba de custeio vai sair do governo federal e da iniciativa privada. Cerca de R$ 1 milhão para construção de sanitários, uma passarela ligando o Parque à Baía do Burro e uma plataforma reforçada para ancorar os barcos.
A expectativa não é de receber um grande volume de pessoas, mas sim um público mais específico para ver de perto a natureza do Pantanal como ela é. "O turista não vai vir para ver a onça, ele vai conhecer o local onde ela vive e deixar intacto o seu habitat natural", ressalta o chefe do Parque.
Só ao redor existem três onças que são monitoradas através de uma coleira. Enquanto o Campo Grande News esteve, ela não deu às caras, mas deixou que todos vissem a extensa área em que mora.
Durante a estadia da equipe de reportagem, o Campo Grande News pode conhecer de pertinho o que os turistas vão poder ver. A ideia é abrir para visitação silvestre da maneira mais natural possível, com isso na cabeça e lá vamos nós!
A primeira saída é na tentativa de ver a tão esperada onça pintada. De barco, distante da margem a ponto de não assustá-la, todos com olhos atentos no mato. Se viu até a cama dela, formada por galhos e mata, onde ela leva os animais para se alimentar, mas a figura símbolo mesmo do Pantanal, é tímida e não quis se mostrar. Na beira do rio, um jacaré, fora os muitos que estavam nas águas, só de olhinhos para fora, parecendo espiar o nosso passeio.
Sem sucesso na captura da onça. Ou melhor, captura das lentes das câmeras, o percurso segue para o ninhal, uma plataforma flutuante de onde se pode observar os ninhos das aves pantaneiras.
Através de um binóculo e com a ajuda do chefe do Parque, que explica quais aves estão ali, dá para entender o objetivo da observação. Biguás, Garças, Maguaris e ainda Gavião, que a qualquer descuido das aves maiores, pode atacar os filhotes.
A visita é para o monitoramento ambiental e estudar a dinâmica dos ninhos, de longe, de um ponto onde o homem não interfere na natureza, apenas a contempla. A escolha do ninho é criteriosa, ele precisa estar num lugar alto e seco, mas cercado de água, como forma de proteção.
Em seguida a expedição segue para o pouso, a reta final do dia das aves pantaneiras que tem um Pantanal todinho para elas. O pouso é escolhido na paisagem mais linda vista durante a viagem. No pôr-do-sol eles param formando um cenário rico em espécie e com um toque todo especial, a lua e o sol, ao mesmo tempo.
O pouso além da importância para a biologia das aves, contribui para pesqueira. A alimentação primária dos pexier nada mais é do que os microorganismos expelidos nas fezes dos pássaros. Um fertilizante natural que alimenta a cadeia produtiva pantaneira.
Mineiro de nascimento e matogrossense de coração, o chefe do Parque é praticamente um homem pantaneiro. E não é para menos já são 35 anos no Pantanal, 10 à frente do Parque.
"Se você está chateado, vem e fica fazendo o monitoramento das aves, cada dia é um pôr-do-sol diferente. Chega essa hora entre 5h e 5h30 da tarde que você sabe que elas estão indo para o pouso. Vê pela Baía e acompanha, para onde estão indo? Eu gosto dessa hora, é uma cor diferente de sol todo dia e não enjoa", fala.
A cena é de encher os olhos de uma forma tão expressiva que fica difícil definir em palavras ou em uma fotografia. José Augusto vira e pergunta "você mesmo me fala se não é lindo isso aqui?" A resposta é uma só, é sim, bonito de tocar a alma.
"É a minha profissão, mas adquiri um gosto pessoal por isso aqui, em nenhum lugar do mundo se vê", finaliza. Formado em ciências biológicas e doutor em recursos pesqueiros, José Augusto define "cada parque tem o seu biólogo, para mim esse aqui é o meu".
Fonte: CG News