Uma entre cada dez crianças ou adolescentes está acima do peso no Brasil, de acordo com pesquisa do IBGE. Especialistas dizem que o mau hábito alimentar nas fases iniciais da vida são muitas vezes levados à idade adulta, e as consequências ao corpo humano podem ser piores.
Cauê tem sete meses de idade e mostra alegria e muita saúde. Reflexo da alimentação que a mamãe Denithielle Araújo prepara todos os dias. "Carne, cebolinha, abóbora, cenoura, beterraba, batatinha e chuchu", lista a mãe.
Depois de amassados, os legumes fazem a festa do Cauê. Será muito bom se a Denithielle seguir com as recomendações, na medida que o bebê for crescendo. Assim, ele pode ficar fora de uma estatística: a dos jovens que estão com sobrepeso ou obesos.
No Brasil, a obesidade cresce mais rapidamente entre as crianças. No total, 16% dos meninos e 12% das meninas com idades entre cinco e nove
anos são obesas no país. O índice é quatro vezes maior do que há 20 anos.
Atualmente, cada vez mais as pessoas acham um tempo extra para voltar à velha forma. Centenas de pessoas passam algumas horas no parque Belmar Fidalgo, em Campo Grande, dando voltas na pista de atletismo em busca da saúde. Todos já deixaram a adolescência, e muita gente lembra de como era a alimentação nos tempos em que moravam com os pais. "Café da manhã era leite, pão e manteiga, não tinha esse exagero de coisas. O almoço era arroz, feijão, salada e carne", conta a pedagoga Maria Eloísa Vasques.
Há também mães preocupadas porque os filhos não se alimentam bem. Salgadinhos, doces e frituras parecem a base do cardápio nocivo que crianças e adolescentes consomem. Difícil mesmo é convencê-los do contrário. "Deixando meu filho escolher suas comidas, hoje me arrependo porque ele só come porcaria", diz a dona de casa Neide Camargo.
Cinturas avantajadas, peso excessivo, são motivos de preocupação. Países como Estados Unidos, China, Índia e África do Sul já tratam a obesidade infantil como um problema de saúde pública e travam verdadeiras cruzadas contra refrigerantes, balas, doces e biscoitos recheados, principalmente nas cantinas das escolas.
A nutróloga Márcia Martins chama atenção para a geração que estamos criando. Ele trata de vários adolescentes obesos e acima do peso. Criança fora do peso será um adulto com muitas doenças. "Pode também ser um adulto obeso, com aumento de aterosclerose, infarto do miocárdio e até AVC", afirma.
Mas porque as comidas cheias de carboidrato, gorduras saturadas e trans fazem tanto sucesso? Os alunos de uma escola em Campo Grande dizem o que mais gostam de comer. "Sorvete, lasanha, pizza", afirma um menino.
É no ambiente escolar que as mudanças podem ser vistas. Dentro da sala de aula, a professora passa informações sobre alimentação de uma forma bem divertida. "O trabalho também vai até os pais, e eles gostaram muito. Está refletindo no lanche das crianças", relata a professora Cristiane Borges.
"Não só na cantina da escola como a verificação da lancheira que essas crianças levam para a escola. Às vezes saem de casa os refrigerantes, pacotes de salgadinho", frisa a nutróloga.
Vá com calma, converse, mostre o que é melhor, coloque algumas restrições e, acima de tudo, entenda o jovem. São sementes plantadas hoje com frutos sadios amanhã. A orientadora pedagógica Fátima Siqueira acredita no questionamento dos pequenos. "Eles cobram da família, acompanham a aquisição nos supermercados, tanto na qualidade dos alimentos como na embalagem. Penso que essa turminha que está em formação irá levar para sua vida uma preocupação maior com a saúde e a alimentação", diz.
Fonte: TV Morena