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Postada por: Jr Lopes dia 12/08/2011
Artigo: EM NOME DOS PAIS, DOS FILHOS.... AMÉM
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Paulo Hamilton


Noutro dia vi na TV o que considero talvez um dos mais belos anúncios levados ao ar por ocasião da proximidade do Dia dos Pais. Nem me recordo qual o produto anunciado, mas a cena é belíssima. Um menininho pequeno, ouve o ruído da chegada tardia de seu pai em casa, de seu quarto, onde, metido no seu pijaminha, já dormia.


Tonto de sono, ao som de música clássica belíssima, levanta esfregando os olhinhos, calça seus chinelinhos de pato. Sai do quarto e, nos seus passinhos bêbados, chega na sala, onde o pai acaba de fechar atrás de si a porta, retornando do trabalho e admirando-se de ver ali, àquelas horas, o pequeno, certamente se indagando a razão daquilo.


O menininho vai até ele. Estende os dois bracinhos e o pai, intrigado, se inclina. E se emociona.


O menininho lhe dá um abraço e um beijo de boa noite e, bocejando, volta para o seu quarto e para o aconchego da sua caminha.


Simplicidade! Não é de hoje que me pergunto. Onde foi parar a impagável simplicidade – em tudo? Todavia, principalmente nestas datas, nestas ocasiões, nas quais convencionou-se que se deve comemorar devidamente o Dia dos Pais, Dia das Mães, Páscoa, Natal e outros... só se reveste de significado digno diante de uma pujança compulsiva de gastos, de alarde, de barulho, em substituição à jóia autêntica – e esta sim, o alimento do espírito, do calor humano, do afeto, da amorosidade que, a meu ver, é tudo, é a viga mestra não dos “Dia disso” ou “Dia daquilo”... mas do que de fato é o cerne de todas estas ocasiões: o amor e a fraternidade entre os seres humanos, entre os entes queridos.


AO MEU PAI:


Primeiro quero dizer-te que o que escrevo aqui não é demagogia, hipocrisia, tampouco comercial, é uma homenagem, um desabafo, àquele que fisicamente não posso mais abraçar, mas o abraço todos os dias em pensamentos e prece... meu pai.


Faltam palavras, faltam lembranças, e as que ficam fazem-se poucas tamanha a saudade e o vazio que ficou.


Realizado é o homem que, após constituir família, se vê em condições de criar seus filhos, encaminhando-os ao sucesso através da dignidade, honestidade e, acima de tudo, honradez.


Eu lembro de um cartão que te dei quando eu era criança, e que dizia mais ou menos assim: “eu seguirei sempre seus passos”. Hoje, quando tu já partiste e estou com mais de 65 anos, vejo que essa frase é verdade, pois me vejo passando por caminhos onde você já passou e, realmente, seguindo seus passos. Às vezes faço coisas que você fez, até mesmo repito seus gestos.


Por tudo isso, hoje escrevo essas linhas, para que saiba do orgulho que tenho de ser seu filho, e para agradecer as vezes em que me escutou e me mostrou o caminho.


“Hay que endurecesse, pero sim perder la ternura, jamás”.


Meu pai, certamente, não conheceu Che Guevara, mas algumas de suas atitudes bem que poderiam ser comparadas a essa frase.


Mais reconfortante é pensar que nossos entes queridos apenas estão mudando de lado. E nos aguardando do lado de lá. Para um reencontro que um dia acontecerá.


Hoje, emociono-me ainda... e muito!


Daí dizermos, principalmente, que os filhos saibam aceitar o envelhecimento dos pais, amparando-os nas necessidades que a idade traz, da mesma forma que sua infância e juventude foi respeitada, quando foram amparados porque não podiam viver por sua conta e risco.


Na passagem de mais um Dia dos Pais este escriba se congratula com todos os pais de Navirai e região, leitores deste veículo de comunicação, desejando a seus filhos votos de felicidades, pedindo a Deus que os proteja e marchem para um futuro promissor.


Vou além papais: por seres assim tão generoso, vai chegar o momento em que você será recompensado na vida. Dias melhores virão, tenha certeza e, enquanto tais dias não chegam, receba o meu abraço, o meu afeto e o meu respeito.


Te amo, pai... saudades, muitas saudades. Até já.
Um dia, quem sabe... juntos novamente.


Um abraço fraternal a todos.


(**Paulo Hamilton é professor aposentado em Naviraí e colaborador do Naviraí Diário)


Fonte: Paulo Hamilton







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