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Postada por: Jr Lopes dia 15/07/2011
Falha em um dos motores é principal hipótese para queda de avião no Recife
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Um defeito em um dos motores do avião LET-410, da empresa Noar, que caiu na quarta-feira no Recife, deixando dezesseis mortos, é a principal hipótese para o acidente levantada por especialistas em aviação.


Para os especialistas, a forma como ocorreu o acidente demonstra que o avião foi perdendo potência e velocidade, até ficar sem sustentação e cair em um terreno baldio na Praia de Boa Viagem. Segundo reportagem do Jornal Nacional, duas peças foram substituídas em um dos motores no último fim de semana, por técnicos que vieram da República Tcheca, onde a aeronave foi fabricada.


- Pelas informações que os pilotos teriam passado à torre de controle e pelas imagens mostradas antes da queda houve pane em um dos motores. O piloto tenta planar até um pouso seguro, mas ocorre o "stall" e ele cai de barriga - diz George Sucupira, presidente da Associação Brasileira de Pilotos e Proprietários de Aeronoves e membro do Conselho Consultivo da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).


Em aviação, o chamado stall acontece quando a sustentação da aeronave é insuficiente, tornando inviável o controle do avião pelo piloto. Para Sucupira, somente as investigações poderão mostrar o que provocou a falha no motor.


- É um bom avião, que tinha acabado de sair da manutenção. Qualquer palpite, no momento, seria chute - afirma.


Ainda segundo Sucupira, a investigação também vai mostrar se houve falhas nos dois motores já que, em tese, o LET-410 tem capacidade para voar com apenas um dos motores funcionando.


- A coisa mais difícil de ocorrer é uma falha simultânea dos dois motores - diz Ivan Sant'anna, piloto e autor de livros sobre desastres áereos.


Para ele, no entanto, se apenas um dos motores estivesse funcionando, o acidente ocorreria de outra forma.


- Com um dos motores funcionando, o piloto tentaria um pouso forçado e os destroços ficariam espalhados numa área de 50 ou 100 metros. Não foi o que aconteceu. O avião caiu seco e os destroços ficaram reunidos em um lugar apenas - disse.


Para um especialista em desastres aéreos ligado à Aeronáutica, que preferiu não divulgar o nome, as manobras realizadas pelo piloto do avião - tanto para a direita como para a esquerda - para tentar retornar ao aeroporto e depois desviar de prédios, mostram que existia potência em pelo menos um dos motores durante algum tempo.


- A dúvida em relação a este acidente é saber se houve uma falha contínua ou se o motor 'rateava' - funcionava e parava. Por que o piloto comunicou à torre que ia voltar e pousar no próprio aeroporto? Para dizer isso, ele ainda deveria ter força nos motores - diz o especialista.


A mesma fonte afirma que é importante saber por que o piloto não tentou o pouso na praia.


- A areia e a própria água do mar servem para se fazer um pouso de emergência. No último contato com torre, o piloto disse que ia tentar esse pouso, mas não o fez - diz o perito em acidentes.


Sant'anna concorda. Para ele, um pouso na areia seria mais seguro do que uma tentativa de retorno ao aeroporto, já que seria necessário fazer uma grande curva e um voo no sentido contrário do vento para tentar o pouso no aeroporto.


- Talvez tivesse gente na praia ou o avião não estava em uma altitude suficiente. A 9 mil metros de altitude, por exemplo, você pode deixar um Boeing sem nenhum motor sobre o Rio de Janeiro e o piloto vai ter tempo para pensar, planar e pousar sem problemas. Numa altitudade baixa não há muito como manobrar. Para fazer qualquer curva, é preciso baixar o nariz do avião, perdendo velocidade e altitude.


Fonte: O Globo







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