Após tragédia, campo-grandenses não conseguem retornar do Japão
Uma semana depois de o Japão ser devastado por terremoto e tsunami, os brasileiros não conseguem voltar para a casa.
A ameaça da radioatividade, que emana da usina nuclear de Fukushima, o alto custo de vida e a falta de trabalho forçam o caminho de volta para os que foram tentar a sorte do outro lado do mundo.
“Tem que ficar na espera”, relata o campo-grandense José Ricardo Delmondes, que há 16 anos mora no Japão. Segundo ele, não há nem previsão de quando terá passagem aérea disponível para o Brasil.
De mala pronta, ele aguarda para voltar a ver a esposa e filho. “Estão todos desesperados devido à radiação”, conta, sobre o temor da família. Ele mora na cidade de Mie ken tsu shi. “Aqui tem muita gente de Campo Grande”, afirma.
Além das dificuldades do retorno, o futuro incerto em terras brasileiras aflige. Ele temem o desemprego na volta a Mato Grosso do Sul. A catástrofe força a gastar as economias.
“Tem pessoas desesperadas para voltar. Estão gastando as economias que juntaram durante anos para comer. Não tem trabalho e aqui o custo de vida é altíssimo”, salienta José Ricardo, que vai dar abrigo a uma família de amigos. “os brasileiros são muito unidos. É um ajudando o outro”.
Ontem, o Jornal Nacional mostrou o protesto no consulado brasileiro em Tóquio. Com cartazes, eles cobravam ajuda do governo federal para deixar o Japão.
Segundo agências de turismo, só há voo disponível para o Brasil daqui a 11 dias. Eles pedem que seja enviado um avião da Força Aérea. Por sua vez, o Itamaraty informou que a prioridade é remover as pessoas das áreas de risco extremo e que o Brasil não tem condições de retirar, de avião, os 254 mil brasileiros que vivem no Japão.
De volta - Presidente da Associação Nipo Brasileira de Mato Grosso do Sul, Bernardo Tibana, afirma que muitas famílias buscam ajuda para trazer parentes de volta.
“Temos recebidos muitos telefonemas. As famílias tentam agilizar o retorno. Sugerem financiamento de passagem”, conta. Porém, reforça que as entidades nacionais é que deverão pressionar o governo federal. “São 15 mil pessoas do Estado no Japão. Vai que 10% queiram voltar. Não temos condições de pagar as passagens”.
Para Tibana, logo que as companhias restabeleçam os voos, muitos terão condições de custear o próprio retorno. Porém, ressalta que nem todos estavam preparados financeiramente para a situação.
De partida - Segundo Tibana, “por incrível que pareça”, há muitos sul-mato-grossense esperando a normalização do tráfego aéreo para embarcar com destino à “Terra do Sol Nascente”. “Tem gente que está com passagem marcada”, conta.
São pessoas que até encontram emprego por aqui, mas o valor do salário não permite juntar economias. “São pessoas que querem ganhar mais do que o suficiente e voltar para o Brasil para investir”.
Fonte: CG News
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