Record pode pagar 600 milhões pelo Brasileirão de 2012
A Record deverá entregar uma proposta bem acima do piso de R$ 500 milhões anuais ao Clube dos 13 na disputa pelos direitos de TV aberta do Campeonato Brasileiro, no período 2012-14. A emissora paulista acredita que na última hora a TV Globo irá apresentar uma proposta na licitação, não confirmando a ameaça de sair da disputa.
Uma das razões da decisão, que poderá mudar até o dia da entrega e abertura dos envelopes (11 de março), é o modelo de negociação. Pelas
regras definidas pelo C13, as empresas interessadas não precisam retirar a carta-convite. Elas receberão em suas sedes pelo correio.
Essa estratégia impede as empresas de saber quantas concorrentes irão apresentar proposta. A Globo poderia, por exemplo, entregar sua proposta apenas no último minuto do prazo, e como ela tem direito a um bônus de 10%, com uma proposta abaixo de R$ 550 milhões a Record não teria chance de vencer.
Embora não confirmem publicamente, diretores da Record criticam a Globo, dizendo que a emissora não está acostumada a competir e não aceita a derrota. Acusam-na, inclusive, de jogar sujo.
Apesar de a Record ter concordado publicamente com o bônus de 10% para a Globo, reservadamente, seus executivos afirmam que não há razão para isso. Dizem que o passado não pode influenciar a licitação.
A Rede TV!, embora esteja oficialmente na disputa, têm chances de vitória consideradas praticamente nulas por pessoas ligadas as suas duas concorrentes.
BÔNUS DE 30%
A TV Globo buscou um bônus de 30%, e não de 10%, na licitação da TV aberta organizada pelo Clube dos 13. A posição interna da Globo é que a emissora dá muitas vantagens indiretas aos clubes que a Record não conseguirá superar.
A primeira é que a emissora tem muito mais audiência fora do futebol e, portanto, daria mais visibilidade às marcas dos patrocinadores dos
clubes, em telejornais, programas esportivos.
O segundo argumento é sobre a qualidade de transmissão. Diretores da Globo dizem que nenhuma concorrente tem equipamentos ou pessoal para fazer uma transmissão com tantos detalhes e efeitos especiais. E que tudo isso valoriza o espetáculo, logo os patrocinadores.
A Globo afirma também que o estudo encomendado pelo C13 a pesquisadores da Escola Politécnica de São Paulo apontam uma vantagem da emissora bem superior a 10%. Dizemnão ter tido acesso direto ao estudo, mas que ouviram isso de dirigentes de clubes próximos a eles.
Outra reclamação que circula na emissora contra o C13 é a forma de tratamento que vem recebendo desde a chegada de Ataíde Gil Guerreiro como diretor-executivo.
Oficialmente, a Globo diz que recebeu a carta-convite e que irá analisar o edital antes de decidir se participará da licitação.
Se a Globo abandonar a disputa pelos direitos do Brasileiro, isso não será inédito numa negociação de TV do Clube dos 13. Isso aconteceu já na primeira negociação promovida pela entidade, em 1997. O SBT fez uma proposta considerada excelente por Fábio Koff, que já ocupava a presidência do C13. Koff disse que considerava o negócio quase fechado e que não aceitaria mudar o horário dos jogos noturnos, proposto pelo SBT A para as 20h30. No dia seguinte, o C13 mudou de posição e fechou com a Globo, que mantém os direitos até hoje.
Em 2008, na última licitação, a Record a acenou com proposta de mais de R$ 700 milhões, mas recuou na última hora, alegando que o direito de preferência à Globo a impedia de vencer.
Nesta concorrência, por força de decisão do Cade, será a primeira vez em que não haverá direito de preferência.
COM A PALAVRA: Gislaine Nunes, especialista em Direito Desportivo
Quando um clube fecha com determinada emissora e um outro com outra, temos um conflito de cessão de direito de imagem. O seu uso se inviabiliza, visto que são entidades diferentes com emissoras diferentes.
Caso utilizada a imagem sem a autorização de um dos clubes, a emissora responderá pelo uso indevido dessa imagem, tendo a obrigação de pagar pelo "abuso".
O Cade não abriu a livre concorrência para cada clube, mas, sim, para o campeonato, e quem regulamenta o mesmo é a CBF, por força de lei. Consequentemente, o Clube dos 13 não tem força para estabelecer se haverá uma ou mais emissoras, mesmo autorizadas pela entidade organizadora. É onde os clubes se arvoraram.
O natural é que todos fechem com a mesma emissora, Se o Flamengo cede sua imagem para uma emissora A e o Corinthians para a emissora B, esse jogo não será transmitido, a não ser que haja consenso (entre as TVs). Não havendo a cessão da imagem, não há direito de transmissão e, logo, não há direito de arena (destinado por lei aos atletas).
Fonte: Lance
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