PF não participou da segurança das provas do Enem

Postada por: Jr Lopes | Data 02/10/2009 | Imprimir


Diferentemente do que o Ministério da Educação (MEC) divulgou em documentos oficiais do Enem, a Polícia Federal não prestou qualquer tipo de apoio ou consultoria nos procedimentos de segurança adotados para garantir o sigilo das provas. Em maio, o MEC havia anunciado que a PF faria supervisão e "inteligência" do processo. Mas a responsabilidade acabou ficando exclusivamente com o consórcio contratado para o serviço.


Ontem (1), a PF alegou que não teve qualquer participação no processo porque foi proibida em 2005, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), de fazer esse tipo de atividade. O pedido de apoio foi feito pelo MEC, e, em julho, foi realizada reunião com integrantes do Inep - órgão do ministério -, em que a PF informou que não poderia participar do processo. Antes de 2005, a PF guardava as provas nas superintendências até o dia do exame.


Do edital do novo Enem, liberado em junho, consta a exigência de interação entre o consórcio vencedor e a PF. O edital chega a mencionar que as viagens de policiais seriam pagas pelo Inep. Após a reunião, não houve qualquer tipo de correção no edital. Mas o uso de vigilância armada e monitoramento por câmeras durante 24h ficou apenas a cargo do consórcio. O documento só dizia que número de vigias e o tipo de armamento a ser usado fica a critério da empresa.


Questionado três vezes sobre detalhes da atividade da PF, o ministro Fernando Haddad tergiversou:


- Todos os procedimentos dos 11 últimos concursos foram rigorosamente cumpridos - disse Haddad. - A PF foi oficiada, como de costume em todas as edições do Enem. Os funcionários do Inep que têm maior experiência nisso viajam, checam e acompanham os procedimentos. Até ontem (quarta-feira), não havia qualquer indício de que pudesse ter ocorrido problema.


Edital prevê filmagem de local onde ficam provas


Pelo edital, o consórcio Connase deveria empregar seguranças armados e filmar por 24 horas todos os locais onde a prova é manuseada. As fitas deveriam ser entregues ao Inep em até três dias, sem edição. Todas as pessoas que trabalham para o consórcio devem assinar termo de confidencialidade. E para ingressar na gráfica e no centro de distribuição, precisariam passar por detectores de metais.


A entrada de qualquer equipamento eletrônico também é proibida no edital, para evitar fotos ou repasse de informações por celulares. Qualquer material inutilizado precisa passar por "trituração dupla e picotamento duplo na sede" da empresa.


Em São Paulo, a PF abriu inquérito para investigar os responsáveis pelo vazamento. Um delegado da área fazendária iniciou os trabalhos ainda nesta quinta. Estava previsto que dois repórteres de "O Estado de S. Paulo" seriam ouvidos pelo delegado, na tentativa de identificar os homens que tentaram vender cópia das provas para o jornal, por R$ 500 mil. A PF pretende ouvir ainda funcionários da Gráfica Plural, onde as provas foram impressas.


Federais têm esquema rígido de segurança


Instituições como UFRJ e UFF, além de diversas outras universidades públicas e privadas, não descuidam da segurança na organização de seus vestibulares.


- Há membros da nossa comissão de vestibular acompanhando de perto o processo de impressão da prova na gráfica onde é produzida - conta Roberto Salles, reitor da UFF.


Além do acompanhamento do processo de produção da gráfica, a orientação da comissão de vestibular é que o teste, após impresso, seja levado a uma unidade militar na cidade, onde fica guardado até o dia de ser distribuído.


- Em todas as salas de aula, o exame chega lacrado e só é aberto, na hora marcada para o início do teste, com o testemunho de três candidatos - informa o reitor.


A prova da UFRJ é impressa e guardada no próprio campus da universidade, alguns dias antes do vestibular.




Fonte: O Globo

Naviraí Diário
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