Artigo: TAPINHA NÃO DÓI
Paulo Hamilton
Hoje ouvi uma notícia na mídia muito curiosa. Falava sobre uma lei que tramita no Congresso Nacional onde um pai não poder dar uma palmada em um filho, nem sequer um puxãozinho de orelha.
Levante a mão aquele ou aquela que nunca levou um puxãozinho de orelha!!!
Eu não acredito na violência como forma de resolver qualquer assunto que seja que dirá na educação de um filho. Mas daí a dizer que uma palmada não resolve isso para mim é o mesmo que dizer que água não mata a sede.
Pensem comigo... Todos da nossa geração já levaram uma palmada e nem por isso estão mais ricos ou mais pobres, ou ainda com problemas psicológicos incuráveis.
Eu mesmo já levei tantas que nem dá pra contar, mas também aprontava pra caramba. Não me arrependo de ter aprontado nem de ter apanhado por isso. Foi uma forma de construírem meu caráter e me preparado para o mundo, porque o mundo não é bom. O mundo não vai passar a mão na sua cabeça ou apenas conversar quando você cometer alguma gafe.
O mundo vai te dar TACA. Daí sim poderão surgir os problemas, afinal você sempre recebeu tudo o que quis. A cada grito uma vontade era atendida porque tinha que ser calado por conta do vexame e não podia levar uma palmada, então se acostumou a receber tudo o que queria bastando apenas um grito. Como você acha que ficará essa pessoa quando o mundo lá fora disser o primeiro “Não!”? O que vai acontecer com a cabeça dessa criança e/ou adolescente?
Sabe, eu creio fortemente que toda essa discussão sobre bater ou não bater é o que gerou tanta violência entre os adolescentes.
Estou certo de que a famosa SURRA não cura nenhum problema de comportamento e também acredito que conversar é um dos melhores caminhos. Também sei que muitos pais acabam por descontar suas frustrações nos mais fracos, nesse caso seus próprios filhos. Mas nem tudo se resume a essa situação, existem pais realmente preocupados com seus filhos e sabedores de que existem ocasiões que um filho tem que saber quem comanda a casa.
No meu ver essa discussão apenas está levando ao caminho que, quem comandará a casa no futuro serão os filhos. Pais não poderão mais educar e acabarão apanhando, porque serão comandados pelas vontades de filhos nem nenhum desenvolvimento emocional.
Mas, além disso, o que me preocupa mesmo é a forma como é conduzida toda essa discussão. Preocupa-me o poder que é dado às crianças no sentido de que os pais se sentem muitas vezes acuados em seu direito de educar, pois qualquer coisa que façam pode ser interpretada erradamente.
Já ouvi muitos casos onde a mãe deixou a filha por conta própria, literalmente, pois ao tentar educar a filha a mesma foi ao Conselho Tutelar dizer que havia apanhado da mãe. Outro caso onde a mãe proibiu a adolescente de sair em determinada ocasião e a mesma disse que sairia sim, pois se apanhasse por ter saído iria ao Conselho denunciar a mãe. Respondam-me o que fazer? O que você, meu caro leitor, minha cara leitora faria? Você realmente acredita que conversar resolveria?
Tenho notado que toda essa discussão sobre bater ou palmadas em nada tem resolvido a questão de nossos filhos. Atuei em sala de aula em duas épocas distintas e posso dizer que as crianças hoje são muito difíceis de lidar, com suas manias e vontades prontamente atendidas pelos pais, onde todo aquele que vai contra o errado é mal.
Será que realmente é certo o que estamos fazendo? Permitindo que nossas crianças fiquem à mercê de si mesmas porque não podemos atuar como pais?
Você realmente acredita que uma palmadinha, dada no momento certo, não educa?
Um abraço fraternal a todos.
(Paulo Hamilton é professor aposentado em Naviraí e colaborador deste site)
Fonte: Paulo Hamilton
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