Artigo: A Copa da igualdade contra o racismo
Paulo Hamilton
Desde o dia 11/06, todos sabemos, está ocorrendo, na África do Sul, mais uma Copa do Mundo e, como aconteceu em todas as outras, o Brasil lá está (salvo engano ou exagero somos o único país a disputá-la, porque sempre fomos classificado) e, a redizer o sempre lembrado e atual Nelson Rodrigues, lá estará “a Pátria de chuteiras”.
O brasileiro transporta-se, como num sonho, para onde vão ou estão os craques canarinhos a defender o nome e o prestígio do País.
Neste aspecto, não há ponta de dúvida, somos mesmo os melhores do mundo, no assim chamado esporte das massas. Somos a única nação a ostentar, cinco estrelas na gloriosa camisa “canarinha”.
Pentacampeões mundiais de futebol e, consequentemente, único esquadrão que poderá – e é franco favorito para tal proeza – sagrar-se Hexa. Parece um sonho, mas é real e por causa disso o brasileiro há já algum tempo “só pensa naquilo”.
Há pelo menos dois meses que o verde e amarelo impera e campeia por todos os lados e ocupa todos os espaços, presentes nos itens os mais variados, como camisas, calções, lenços, bonés, bandeirolas, chaveiros, bolas, adesivos, tatuagens, tênis, camisetas, pulseiras, apitos, roupas, rótulos de bebidas e até preservativos.
Todas as ruas, em todos os rincões deste país, sejam em áreas centrais ou nos mais alonjados arrabaldes recebem pintura alusiva e alegórica em seus leitos, além dos cordões com fitinhas verdes e amarelas, milhões delas, que são afixadas à custa e exclusivo sabor dos moradores dessas vias e vielas, que se esmeram e disputam os melhores efeitos.
É uma festa para os olhos e para o coração, que se precisa cuidar para não parar. Sente-se o orgulho e a brasilidade do povão à flor da pele, que a todos nós contagia.
Sinceramente eu considerei como sendo importante e valiosa, a escolha da África do Sul para sediar a Copa do Mundo de 2010. Primeiro, devido ao fato de que os nossos irmãos africanos, sofreram por longos anos com o perverso e hediondo regime de segregação racial, conhecido como APARTHEID. Esta palavra no dialeto africano, significa “SEPARAÇÃO”.
Quantas vítimas inocentes tombaram em meio aos muitos conflitos, fruto do ódio, da intolerância, da maldade, da violência e da desigualdade. O segundo motivo da minha consideração da importância e da validade desta escolha, é o fato de que o Brasil e a África, são irmãos de sangue e muito próximos.
Pois foi de lá que vieram os negros, que na degradante condição de escravos, foram trabalhar nas grandes fazendas. Mais precisamente, nas lavouras de café e nos engenhos de cana de açúcar.
Se o nosso país nos dias atuais, possui esta imensa riqueza, a grande parte dela foi construída, graças ao trabalho e à força dos negros. Aliás, o Brasil possui uma enorme e eterna dívida e gratidão, para com os nossos irmãos de pele escura. Mas infelizmente, o RACISMO ainda se encontra muito vivo, forte e presente no mundo.
Em nossa querida pátria, a situação é bem pior. Pois aqui este asqueroso preconceito é manifestado de forma VELADA, MAQUIADA e DISFARÇADA.
Eu espero que a realização do mundial de futebol, no continente africano possa fazer com que as pessoas se tornem mais dispostas a lutar, por um mundo mais fraterno, mais igualitário, mais justo, mais solidário e muito mais IRMÃO. Que o bom Deus permita, que isso realmente aconteça.
Um abraço fraternal a todos.
(Paulo Hamilton é professor aposentado em Naviraí e colaborador deste site)
Fonte: Paulo Hamilton
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