Índia atrapalha planos e Coronavac deve ser “plano A” em Mato Grosso do Sul
O governo de Mato Grosso do Sul planejava imunizar a população com vacina de Oxford/Astrazeneca, oferecida pelo Ministério da Saúde por meio do Plano Nacional de Imunização (PNI).
Entretanto, após decisão do governo da Índia de fechar exportação de imunizantes fabricados no país até vacinar sua população de risco, a vacina chinesa Coronavac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, pode se tornar o “plano A” para o Estado conseguir imunizar a população.
De acordo com o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, em reunião com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) foi decidido que, caso a Índia não libere a exportação até o dia 20 deste mês, os imunizantes serão comprados do Instituto Butantan e também da Pfizer.
“Hoje a expectativa era a de que pudesse ter um pronunciamento do Ministério da Saúde – temos até o fim da semana para que isso ocorra. Estamos trabalhando com o Conass para fazer a compra da vacina do Butantan e da Pfizer, se o Ministério da Saúde não responder a tempo”, explica.
O secretário destaca que o Brasil está atrasado no plano de vacinação e na compra de insumos necessários, e caso não tenha uma decisão a tempo do Ministério da Saúde, o Estado comprará as vacinas.
“Estamos atrasados, não houve um planejamento adequado e tem essa demora no desfecho das vacinas e na compra de insumos. São mais de 40 países que já estão se imunizando, incluindo boa parte da América Latina, e a gente ainda sem data para isso”, detalha.
O governo do Estado já encaminhou ao Instituto Butantan carta de interesse para receber a Coronavac e aguarda documento final com prazo de envio e quantidade de doses disponibilizadas.
“Encaminhamos a carta e estamos esperando que o Butantan remeta o documento final, para que possamos assinar e receber a vacina, mas ainda não foi fechado”, explica Resende.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) também pretende adquirir as vacinas da Pfizer, desenvolvida em parceria com o laboratório BioNTech. No entanto, o armazenamento específico da vacina é um agravante para a compra em cidades pequenas.
O imunizante deve ficar em temperatura de -70ºC, condição que a maioria dos municípios do Estado não comporta. Com isso, apenas as cidades mais desenvolvidas teriam capacidade de receber a vacina, como Campo Grande.
De acordo com Resende, será adquirido 1,7 milhão de doses para imunizar 850 mil pessoas dos grupos prioritários em duas doses. “Mas esperamos a decisão: que o Ministério da Saúde, por meio do PNI, compre as vacinas e insumos necessários e que nós possamos ser referência no mundo para campanhas de vacinação”.
DECISÃO DA ÍNDIA
No domingo, o Instituto Serum, da Índia, responsável pela produção de 1 bilhão de doses do imunizante da Astrazeneca, anunciou que o governo indiano não permitirá a exportação da vacina contra a Covid-19. De acordo com o instituto, o país vai priorizar a imunização de populações mais vulneráveis.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no dia 31 de dezembro, a importação de 2 milhões de doses da vacina de Oxford. A condição de não exportação pode impactar o plano de vacinação do Brasil, já que o lote de vacinas comprado pelo País viria da Índia.
A Fiocruz e o Ministério das Relações Exteriores buscam reverter o veto do governo indiano para que 2 milhões de doses sejam exportadas prontas e assim antecipar o calendário de imunização do Brasil para janeiro. Caso a situação não seja revertida, a vacina poderá ser exportada apenas em março ou abril.
A Fiocruz também informou que esta semana fará pedido de uso emergencial da Coronavac à Anvisa para imunizar grupos restritos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como idosos e profissionais de saúde.
A Fiocruz deve informar no pedido quantas doses serão aplicadas no País e quem receberá a vacina. A agência deve emitir autorização do uso em até 10 dias após solicitação.
EFICÁCIA
Segundo a Fiocruz, a vacina de Oxford possui índice de eficácia de 90%. Esse valor foi alcançado com a redução pela metade da primeira dose, mantendo a segunda com quantidade padrão e com um mês de intervalo entre as duas dosagens.
Com a diminuição da quantidade de imunizantes na primeira dose, foi possível aumentar em 30% o grau de resposta do sistema imunológico à vacina.
A vacina da Pfizer foi a primeira aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso emergencial e já foi aplicada nos Estados Unidos, na Inglaterra e em diversos outros países da Europa.
Segundo estudos da terceira fase de testes, o imunizante apresentou eficácia de 95% contra a Covid-19.
Quanto à vacina chinesa Coronavac, o Instituto Butantan declarou em nota que a eficácia é superior à mínima exigida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 50%, mas ainda não apresentou a taxa exata.
“O objetivo é que os dados sejam comparados a resultados de pesquisas em outros países, evitando que a vacina tenha diferentes índices de eficácia anunciados. Na sequência, os resultados finais serão encaminhados à Anvisa e à National Medical Products Administration, da China”, explicou o Butantan em nota.
A fase final do estudo foi coordenada pelo Butantan em 16 centros, incluindo Mato Grosso do Sul.
Fonte: Correio do Estado
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