FBI investiga denúncias de corrupção na escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016

Postada por: Jr Lopes | Data 13/12/2017 | Imprimir
Carlos Arthur Nuzman, ao ser preso pela Policia Federal (Foto: Reuters)


As denúncias de corrupção no processo de escolha do Rio como sede olimpica de 2016, que já ocasionaram prisões de alguns dos principais dirigentes do esporte brasileiro, como Carlos Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do Comitê Organizador Rio-2016, e Leonardo Gryner, ex-diretor de operações do Rio-2016, atravessaram fronteiras e chegaram a Nova York. Os agentes do escritório do Federal Bureau of Investigations (FBI, a Polícia Federal americana) naquela metrópole vêm mergulhando na apuração das mesmas denúncias, de acordo com o que divulgou nesta terça-feira o jornal americano "The Wall Street Journal".

 

A publicação, cujo foco principal é a economia, informou que as investigações vêm sendo tocadas pelo FBI juntamente com promotores da Procuradoria Federal de Justiça dos EUA no Brooklyn, de acordo com fontes do jornal e com intimações expedidas por um Grand-Jury (grande júri, composto por 23 membros reunidos em segredo, para apreciar provas apresentadas pela promotoria e decidir se há indícios da prática de crime).

 

As investigações que vêm sendo efetuadas nos Estados Unidos vão se juntar a trabalhos semelhantes que já vinham sendo realizados por autoridades da Justiça do Brasil e da França, a respeito de suspeitas de que tenham havido irregularidades na organização não apenas dos Jogos do Rio mas de outros eventos esportivos internacionais. No verão deste ano no Hemisfério Norte (inverno no Hemisfério Sul), o grande júri reunido no Brooklyn já vinha buscando testemunhas e documentos ligados à corrupção na escolha da sede olímpica, sempre de acordo com o jornal.

 

Tanto as fontes da publicação quanto as intimações indicam que a apuração das autoridades americanas está focada nas suspeitas de compra de vontos e de corrupção na celebração de contratos dos Jogos de 2016, incluindo os relativos à mídia e aos diretos de marketing. O grupo de profissionais envolvidos nas investigações já tem know how de trabalhar com esportes. Esta investigação está sendo tocada pela mesma equipe do FBI e pelo mesmo grupo de promotores que, em 2015, haviam descoberto um esquema de corrupção de proporções mundiais no futebol e que ao longo de dois anos também haviam apurado denúncias da existência de um sistema de doping patrocinado pelo próprio governo da Rússia.

 

Por mais de um ano, autoridades da Justiça americana vêm solicitando a abertura de uma investigação conjunta com seus colegas do Brasil e da França, a respeito das suspeitas de corrupção nos Jogos do Rio. Tal investigação já havia levado a alguns indiciamentos, incluindo a prisão, e outubro, de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB. Promotores de Justiça do Brasil consideram ter havido um esquema de dirigentes brasileiros no sentido de subornar membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), para escolher a candidatura do Rio para as Olimpíadas de 2016.

 

Os advogados de Nuzman têm negado repetidamente quaisquer acusações contra seu cliente, que permaneceu preso (na Cadeia Pública de Benfica) entre os dias 5 e 20 de outubro, quando foi libertado mediante um habeas corpus da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que levou o juiz Marcelo Bretas, da Sétima Vara Federal Criminal a expedir o alvará de soltura. Os advogados do dirigente brasileiro não responderam aos questionamentos enviados pelo jornal americano.

 

A intimação enviada pela Justiça americana em agosto a um empresário brasileiro - Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, o Rei Arthur, como é conhecido no Brasil - que atua em Key Biscayne, na Flórida, solicitada a ele que prestasse testemunho perante o grande júri do Brooklyn e entegasse ao FBI documentações telativas à eleição promovida pelo COI em 2009, visando aos Jogos de 2016. Os promotores americanos estavam à pcorua de detalhes das transações financeiras relativas à candidatura do Rio para sediar os Jogos, além de mensagens trocadas com ex-dirigentes do COI e contratos que esse empresário assinou para prestar serviõs aos Jogos do Rio.

 

Um dos porta-vozes do COI, Mark Adams, informou que o comitê ainda não havia sido contactado pelas autoricades americanas a respeito do caso, mas já vem mantendo contato com as autoridades brasileiras e francesas a respeito do que essas estão investigando.

 

- É algo hipotético, mas se a Justiça concluir que alguns indivíduos agiram de maneira desonesta em relação à eleição para 2016, então, o COI, obviamente, vai assumir sua responsabilidade - afirmou.

 

O destinatário da intimação expedida pela Justiça americana, Arthur Soares, tinha contratos de muitos milhões de dólares com o governo do estado do Rio de Janeiro e uma parcela do hotel projetado por Donald Trump. Contratada, a construção do hotel visava a fornecer quartos para as Olimpíadas do Rio, segundo promotores brasileiros. Em outubro, as promotorias do Brasil e da França acusaram formalmente Soares pelo pagamento de pelo menos US$ 2 milhões em suborno ao filho de um dirigente senegalês do COI, em 2009, a pedido de autoridades brasileiras. Nenhum advogado de Soares se manifestou a respeito.

 

Vários dias depois do suposto suborno, o COI, reunido em assembléia em Copenhague, Dinamarca, decidiu conceder ao Rio os Jogos de 2016, diante das candidaturas de Chicago, Madrid e Tóquio. As promotorias de Justiça do Brasil e da França declaram, publicamente, que Soares fazia parte de um esquema de suborno envolvendo o ex-governador do estado do Rio de Janeiro (Sérgio Cabral, que está preso há um ano sob a acusação de ter liderado o maior esquema de corrupção da história do estado) e que teria pago propinas a Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, ex-dirigente do COI à época da eleição em Copenhague.

 

Promotores brasileiros, que haviam solicitado a seus colegas americanos em agosto que prendessem Soares e o extraditassem, disserqm que os EUA vinham sendo lentos em atender a seus pedidos de ajuda nos últimos meses. Numa carta datada de 5 de setembro último, e o Departamento de Estado dos EUA informara ao Brasil que o pedido de extradição não continha informações suficientes, dentro do padrão americano, a respeito das suspeitas contra Soares. Até agora, o empresário ainda não foi indiciado pela Justiça americana. O Departamento de Justiça dos EUA não comentou o caso. Além de requerer informações sobre o caso de 2016, a intimação enviada a Soares também lhe pedia documentos sobre mensagens e transações financeiras envolvendo Papa e Lamine Diack.




Fonte: Globo Esporte

Naviraí Diário
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