Produção de mandioca está em alta mas preços em queda

Postada por: Jr Lopes | Data 05/06/2015 | Imprimir
No ano passado, a oferta nacional de mandioca aumentou 7,5%, enquanto o processamento de fécula cresceu 36% (Foto: Divulgação)


Com o maior volume de fécula de mandioca produzido desde 2003, de 645 mil toneladas, o Valor Bruto da Produção (VBP) de fécula atingiu recorde real da série do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada em 2014, de R$ 1,09 bilhão. O avanço da oferta nacional de raiz impulsionou o processamento da raiz, porém a comercialização não acompanhou esse crescimento, elevando os estoques, segundo levantamento do Cepea, da Escola de Agronegócio Luiz Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em parceria com a Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (Abam).


De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, a oferta nacional de mandioca aumentou 7,5%, enquanto o processamento de fécula cresceu 36%. As indústrias de fécula receberam 2,3 milhões de toneladas de matéria-prima, 19,7% acima de 2013. O IBGE prevê novo aumento de produção, em 2015, para 24,2 milhões de toneladas, evolução de 5,1% comparada a 2014, considerando dados nacionais agregados.


Com base nas pesquisas de campo, os pesquisadores do Cepea preveem aumento expressivo na produção de fécula. Os números mostram que nos primeiros cinco meses de 2015 já foram processadas mais de 976 mil toneladas de mandioca, avanço de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A produção de fécula totalizou 264,8 mil toneladas, aumento de 3,9% na mesma análise.


Os preços da mandioca continuam em queda em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, cenário que deve persistir, pois ainda falta muita área para ser colhida. Além disso, há grande disponibilidade de mandioca de segundo ciclo em todas as regiões.


“Caso a demanda não acompanhe o aumento da oferta, os preços da fécula devem continuar em queda”, analisa Lucilio Alves, professor da Esalq/USP e pesquisador do Cepea.


Em contrapartida, ele acrescenta que essa situação pode ser fator de atratividade para os consumidores, pois o derivado da mandioca tende a ficar mais competitivo frente a outros amidos, em especial o de milho.


“Em razão do cenário (preços baixo e muita oferta), a rentabilidade dos agricultores está comprometida e o planejamento do plantio da safra 2015/2016 atrasado”, informa Alves.


Os pesquisadores do Cepea acreditam que os menores preços da raiz devem influenciar na redução da área a ser plantada em 2015, o que poderia afetar a disponibilidade de matéria-prima a partir de 2016.


“Se este fato se confirmar, pode haver sustentação ou oscilações expressivas de preços, o que é prejudicial ao setor de forma geral”, analisa o professor.



Fonte: Assessoria

Naviraí Diário
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