Vítima do cárcere e do câncer, Cira era exemplo em casos de violência

Postada por: João Guizolfi | Data 14/04/2015 | Imprimir
Cira chegou a ser entrevistada no programa Mais Você, da Rede Globo (Foto: Reprodução/Tv Globo)


Para a família, a morte de Cira Higina da Silva, de 46 anos, representa o fim de uma batalha que começou há mais de 23 anos. Mantida em cárcere pelo ex-marido durante 22 anos, Cira estava livre há pouco mais de um ano e mesmo depois de tanto tempo da repercussão do caso, ela ainda era tratada como um exemplo para a Polícia Civil.


Irmão de Cira, Jeremias da Silva, 37 anos, afirma que toda a família vive um sentimento de indignação e revolta, intensificados em razão de Ângelo da Guarda Borges, 58 anos, e ex-marido de Cira, estar cumprindo a pena em liberdade condicional.


Sobre a descoberta do câncer que matou a irmã, Jemerias afirma que a sobrevivente do cárcere não gostava de falar sobre o assunto .”Ela era muito reservada, não falava sobre as agressões e a doença”.


Mesmo com a descoberta do tumor na perna direita, no fêmur, há cerca de três meses, Cira não chegou a passar pelo tratamento de quimioterapia. “Ela estava muito debilitada, o médico esperava ela se recuperar para submetê-la a cirurgia”, completou o irmão.


Responsável por toda a investigação do caso, a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Rozely Molina, recebeu a notícia com tristeza. Segundo ela, o caso de Cira foi emblemático e era exemplo para outras vítimas de violência.


“Ela era uma mulher forte que enfrentou o processo de forma digna e se tornou referência na apuração de casos de violência doméstica”, disse Molina.


O corpo de Cira está sendo velado a funerária Campo Grande, na Rua 13 de Maio e deve ser sepultado no período da tarde.
O CASO


Cira ficou nacionalmente conhecida em dezembro de 2013 depois que um agente de saúde denunciou a situação dela e dois dois filhos à polícia. A mulher vivia em uma casa no Jardim Aero Rancho.


Ela sofria agressões diárias, apresentava marcas de agressão pelo corpo, perdeu os dentes da frente e era obrigada a manter relações sexuais com o marido, além de viver em condições insalubres, sem ter ao menos água encanada. O pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 58 anos, foi preso em flagrante e continua cumprindo pena por cárcere privado, ameaça e lesão corporal.


Segundo a família, o tumor descoberto no corpo de Cira foi consequência das agressões, já que ela desenvolveu várias infecções.



Fonte: Correio do Estado

Naviraí Diário
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