Corte Arbitral do Esporte julga Michael nesta segunda por doping em 2013

Postada por: João Guizolfi | Data 16/03/2015 | Imprimir
MIchael cumpriu oito dos 16 meses de suspensão (Foto: André Durão / Globoesporte.com)


O atacante Michael, do Fluminense, vai voltar a ser julgado pelo caso de doping por uso de cocaína, ocorrido no início de 2013. Às 9h30 desta segunda-feira, em sessão realizada no Rio de Janeiro, ele ficará frente a frente com os árbitros da Corte Arbitral do Esporte (CAS), que tem sua sede na Suíça. Depois de o jogador ter cumprido oito dos 16 meses da pena imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva e de ter voltado a jogar em janeiro de 2014, sob a condição de fazer exames e aplicar palestras sobre o tema para jogadores da base, a Agência Mundial Antidopagem (Wada, sigla em inglês), ingressou com um recurso no CAS que coloca a carreira do atleta de 21 anos em xeque. 


A pena base determinada pelo Painel da Corte nesse tipo de caso é de dois anos de suspensão. Desde o fim de janeiro, o diretor jurídico do Fluminense, Mário Bittencourt, que também é vice de futebol do clube, e o advogado Daniel Cravo, que defende o Tricolor na área desportiva internacional, trabalham na estratégia de defesa do atacante. Ela tem como um dos pontos principais o tempo de tramitação do processo desde que o exame acusou a substância proibida. A cronologia do caso é tratada pelo clube como ponto importante.  


- O jogo no qual foi feita a coleta foi em 6 de abril de 2013. O resultado da primeira análise foi em 2 de maio de 2013. No dia 6 de maio de 2013, ele foi notificado sobre o resultado positivo e foi suspenso provisoriamente no dia 17 de maio de 2013. No fim de fevereiro de 2014, a Fifa pediu para a CBF a cópia integral do processo traduzida. Em 18 de março de 2014, a CBF informou que estava enviando. De lá até o fim de outubro de 2014, a Fifa e a Wada não impulsionaram o processo. No nosso entendimento, isso tem que ser computado para quem gerencia o sistema de dopagem, que é a Wada – explicou Daniel Cravo, que defenderá o jogador. 


Michael será julgado de acordo com as normas do código mundial antidoping de 2009. A demora para que a Agência Mundial Antidopagem ingressasse com o recurso na CAS lembra o caso do atacante Jobson, do Botafogo, no fim de 2009. Ele também foi flagrado por uso de cocaína e admitiu ter usado crack. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva julgou o caso e condenou o jogador a cumprir dois anos de suspensão. No entanto, após recurso, a pena foi reduzida para seis meses e cumprida no primeiro semestre de 2010. Naquele episódio, a Wada também entrou com um recurso por considerar a punição muito leve e pedindo a pena base para casos de doping, que é de dois anos de suspensão.


Jobson foi julgado pela CAS, na Suíça. Em janeiro de 2011, a Wada não concordou com a decisão do STJD - de seis meses de suspensão - e entrou com um recurso na CAS. A punição anunciada, então, passaria a contar a partir daí. No entanto, a CAS entendeu que, em um processo tão longo, quatro meses foram perdidos apenas com as etapas de encaminhamento e tradução do documento do STJD para a Fifa, e da Fifa para a Wada. 


- Vou brigar para que o Michael não seja condenado a dois anos e seja mantida a decisão da Justiça Desportiva Brasileira – disse Cravo. 


O Fluminense imagina que na pior das hipóteses, ou seja, em caso de punição com a pena, o tempo de todo o processo, além do período já cumprido, representem a liberdade de Michael.


APELO EMOCIONAL NO CASO


A defesa de Daniel Cravo será basicamente a mesma que Mário Bittencourt fez no STJD em 2013. A tônica foi que a inatividade em caso de condenação seria o caminho de volta de Michael até a cocaína. Na época, Bittencourt convocou médicos ligados ao caso para comentar como se desenvolve a dependência, além de falarem sobre a recuperação do atacante. Na defesa, Mário citou ex-jogadores que tiveram problemas com drogas e que poderiam ter as carreiras abreviadas em caso de longas punições. Além disso, recitou a música "Há Tempos", de Renato Russo, na qual o cantor relaciona o uso de cocaína com tristeza, solidão e ócio, fatores presentes na vida de Michael. Por fim, disse ter lido a biografia do ex-atacante e comentarista Casagrande, que relata como chegou ao fundo do poço e que iniciou o uso de drogas ainda jovem. Na infância, Michael chegou a trabalhar como ajudante de pedreiro. 


- Os médicos foram claros que o tempo ocioso fará e fez com que ele buscasse a droga. As atitudes dele mostram que merece ser recuperado. Deixar mais tempo alijado do trabalho aumenta o risco de ser um dependente químico. Temos de salvar esse atleta. Para sorte do Michael ele foi flagrado no doping. O doping salvou o Michael - finalizou o advogado naquela ocasião.


Michael só recebeu a notícia do novo julgamento no fim de fevereiro. A diretoria do Fluminense preferiu manter o máximo sigilo sobre o caso para que nada atrapalhe o processo. O jogador treina normalmente, ficou no banco na derrota por 1 a 0 para o Macaé, neste domingo, e entrou no decorrer da partida. 


Michael irá ao julgamento e ficará à disposição dos árbitros para prestar esclarecimentos. A defesa do Fluminense já foi enviada por escrito ao Painel da CAS. Nesta segunda, Daniel Cravo fará a defesa oral. A divulgação da decisão não é imediata.   



Fonte: Globo Esporte

Naviraí Diário
www.naviraidiario.com.br