Bancos renegociam cerca de R$ 1,5 bi das dívidas de Eike
Itaú e Bradesco, os dois maiores bancos privados, renegociaram quase R$ 1,5 bilhão da dívida de curto prazo do grupo de Eike Batista.
Os bancos aguardam que o empresário venda fatias de suas empresas para pagar os credores e querem evitar assumir perdas com o grupo, comprometendo lucro e capacidade de emprestar.
Itaú e Bradesco concordaram em estender o prazo da dívida apesar da queda no preço das ações e da dificuldade de obter garantias reais -imóveis, equipamentos, contas a receber- que os protejam em caso de calote.
As negociações para a troca de garantias foram intensas desde junho, quando venciam R$ 804 milhões do estaleiro OSX e da MPX.
As garantias reais do grupo podem não ser suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo. Até março de 2014, o OGX tem mais R$ 6,4 bilhões vencendo. Ao todo, as dívidas somam R$ 23 bilhões.
O Itaú BBA aceitou reescalonar o pagamento de R$ 515,5 milhões da OSX, que venceram em junho. Segundo a empresa, parte desse montante foi pago e o restante teve o prazo estendido. A empresa afirma que não tem nenhuma parcela em aberto.
A LLX, dona do porto do Açu (RJ), renegociou R$ 589 milhões com o Bradesco, que venceram em abril. A empresa afirma que os juros ficaram iguais, mas não revela se houve mudança nas garantias.
Considerada mais saudável, a MPX rolou R$ 289 milhões com o Itaú BBA, que venceram em junho. A MPX está fora do grupo X e é controlada pela E.ON, que pagaram R$ 1,5 bilhão por 24,5% das ações de Eike. Todas as dívidas da MPX que venciam até julho tiveram prazo estendido para dezembro.
Os bancos deram mais tempo ao empresário na expectativa de que ele venda o restante das ações da MPX e também uma fatia (ou o controle) da mineradora MMX.
A Glencore e a Trafigura, empresas de commodities, avaliam comprar o porto do Sudeste, da MMX.
No BNDES, a dívida com vencimento mais próximo é da OSX. O estaleiro terá de pagar R$ 491 milhões em agosto. A LLX diz que está em "negociações avançadas" com o banco para rolar R$ 510 milhões que vencem em setembro. O BNDES não comenta.
O banco estatal aprovou R$ 10,4 bilhões em empréstimos ao grupo X, mas nem todo o valor foi liberado.
Excluindo a parte que não foi desembolsada e os empréstimos para a MPX, que agora pertence aos alemães, o saldo é de R$ 2 bilhões.
No governo federal, a avaliação é que um eventual calote do grupo traria um prejuízo inferior a R$ 2 bilhões porque 75% desses empréstimos têm fiança bancária.
Hoje, não interessa a nenhum banco utilizar essas fianças nem impelir partes do grupo a buscarem recuperação judicial. As garantias podem ser requisitadas pela Justiça para pagar funcionários antes dos bancos. Itaú e Bradesco não comentaram.
Fonte: Folhaonline
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