Número de trabalhador pobre e negro é quase o triplo de pobre branco

Postada por: Andrey Vieira | Data 19/07/2012 | Imprimir


Apesar do declínio da proporção de trabalhadores pobres no Brasil entre 2004 e 2009, o percentual de trabalhadores pobres e negros (9,8%) foi quase que três vezes superior em comparação aos brancos (3,4%) em 2009, segundo o relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho): “Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as unidades da Federação”.


De acordo com a OIT, o rendimento médio do negro brasileiro avançou cerca de 30% de 2004 para 2009, de R$ 607 para R$ 788, ao passo que o dos brancos variou pouco menos de 20%, de R$ 1.143 para R$ 1.352, segundo aponta o estudo. Apesar da queda no diferencial, em 2009 o rendimento do negro esteve 40% abaixo do nível de ganho do trabalhador branco. Essa redução foi observada em 18 das 27 Unidades da Federação.


O estudo atribui a redução geral dos diferenciais de rendimento ao processo de valorização real do salário mínimo, que aumentou mais expressivamente os rendimentos na base da pirâmide socioeconômica. No entanto, a desigualdade de rendimentos entre brancos e negros entre 2004 e 2009 foi superior à disparidade entre homens e mulheres.


Em termos de desemprego, o estudo diz que a crise afetou tanto os homens – cuja taxa de desocupação evoluiu de 5,2% em 2008 para 6,2% em 2009 – quanto as mulheres, cuja taxa de desemprego avançou de 9,7% para 11,1%. No entanto, entre os trabalhadores e trabalhadoras brancos, a desocupação aumentou 1%, e desemprego entre negros e negras aumentou 1,5%.


Entre as mulheres negras – que apresentavam uma taxa de 10,9% em 2008 – a desocupação subiu para 12,8% em 2009.


Os níveis de desocupação dos jovens negros e negras, por outro lado, caíram. No ano de 2009, a taxa de desemprego das mulheres jovens (23,1%) era bastante superior à dos homens jovens (13,9%), diferencial que era praticamente o mesmo registrado em 2004. A OIT aponta que os níveis de desocupação dos jovens negros e negras (18,8%) também eram mais elevados que a desocupação dos jovens brancos e brancas (16,6%) em 2009. A desigualdade era ainda mais expressiva entre as jovens negras, cuja taxa de desocupação (25,3%) foi praticamente o dobro em relação à dos jovens brancos do sexo masculino (13,1%).
Pobreza


Apesar da evolução do emprego formal, a taxa de formalidade feminina (50,7%) ainda era inferior à da masculina (57,0%) entre 2004 e 2009. Em termos de cor, porém, essa taxa ainda era cerca de 46,8% para os trabalhadores negros, o que expressa inferioridade em relação à taxa de formalidade dos trabalhadores brancos (61,9%).


O nível de alfabetização em 2009 era ligeiramente maior entre as mulheres (90,4%) que entre os homens (90,2%) e 7,5 pontos percentuais superior entre os brancos (94,1%) em relação aos negros (86,6%).
Escolaridade e rendimento


Diante da relação entre escolaridade e rendimentos, o diferencial de remuneração existente entre trabalhadores negros e brancos no seu conjunto poderia, em parte, ser explicado pelos menores níveis de instrução da população ocupada negra. Entretanto, quando considerados os indicadores de rendimentos por anos de estudo, os diferenciais praticamente não se alteram, independentemente de maiores níveis de escolaridade.


Entre os trabalhadores com até quatro anos de estudo, os rendimentos/hora de negros e pardos representavam, respectivamente, 78,7% e 72,1% do rendimento-hora dos trabalhadores brancos. Entre a população ocupada com 12 anos ou mais de estudo (que a OIT considera escolaridade mais elevada), os diferenciais são ainda maiores do que aqueles observados entre os de menor nível de instrução: o rendimento por hora dos negros equivalia a praticamente 70% dos brancos, e permanecia praticamente inalterado no caso dos pardos de maior escolaridade (73,8%) em relação aos brancos.


Fonte: R7

Naviraí Diário
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