'Não vamos sair da terra', dizem índios de acampamento atacado

Postada por: Andrey Vieira | Data 22/11/2011 | Imprimir
Genito Gomes, de 29 anos, filho do cacique de 59 anos, que está desaparecido em MS (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)


Apesar do clima de tensão e do ataque contra membros da etnia, os índios do acampamento Guaiviry, situado na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, afirmam que não vão deixar o local. “A terra é nossa e não vamos sair dela. O sangue do meu pai foi derramado nessa terra e não foi em vão. Vamos ficar e lutar pelo que é nosso”, afirmou o índio Genito Gomes, de 29 anos, filho do cacique de 59 anos, que está desaparecido desde a última sexta-feira (18).


A reportagem esteve no local acompanhado de uma escolta de quatro policiais da Força Nacional de Segurança e três lideranças indígenas.


Os indígenas, da etnia guarany-kaiwá, afirmam que o cacique foi morto a tiros durante um ataque feito por aproximadamente 40 homens. Eles relatam ainda que o corpo do cacique foi arrastado e colocado em uma caminhonete.


No acampamento, os índios demarcaram com uma armação feita com folhas, galhos e bambus o local onde o cacique foi atacado. Na área, que fica a pouco menos de 100 metros da cabana onde o cacique dormia, há vestígios de sangue e uma cápsula de bala de borracha. “Foi bem aqui que mataram ele”, disse apontando para o local, o índio Francisco Amarilha, de 42 anos, que é familiar do cacique.


Rituais religiosos também estão sendo realizados no acampamento desde o último sábado (20). "Durante os rituais o cacique nos respondeu que voltou para o lugar de onde veio”, explicou ao G1 um dos líderes da etnia guarany-kaiwá, Tonico Benites. Ele diz que a religião indígena acredita que após a morte o espírito volta ao seu local de origem. “Para nós, essa é a comprovação de que o cacique está morto”, afirmou ele.


Terra Indígena
Cerca de 150 índios guarani-kaiwá estão no acampamento Guaiviry, que atualmente ocupa uma área de 20 hectares, situada entre fazendas nos municípios de Aral Moreira e Amambaí, que encontra-se em estudos para identificação de terras indígenas.


Segundo informações da Fundação Nacional do Índio (Funai) essa é a terceira vez que o grupo indígena ocupa o local desde 2008, quando o Ministério Público Ministério Federal (MPF/MS) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para iniciar os procedimentos de identificação da área.


O coordenador regional da Funai, Silvio Raimundo da Silva, explicou ao G1 que área faz parte da terra Amambai Peguá, que possui aproximadamente 20 mil hectares e está sendo reivindicada por cerca de 10 grupos indígenas, incluindo os do acampamento Guaiviry.


Ainda segundo informações da Funai, no cone sul do estado existem 36 aldeias indígenas e cinco acampamentos.


Investigações
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso, e representantes do MPF/MS estiveram no local na última sexta-feira (18). A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue. Os exames devem apontar se as amostras são de material humano.


Nesta segunda-feira (21), uma equipe da Polícia Federal esteve no acampamento coletando material genético de Genito e de um irmão dele para, em caso de localização do corpo do líder, fazer a identificação.




Fonte: G1/ MS

Naviraí Diário
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