Mercado reage a medidas do governo e dólar sobe mais de 1%
O dólar opera em alta, em reação às medidas para conter a queda da moeda publicadas nesta quarta-feira (27) no Diário Oficial da União (DOU).
Por volta das 16h30, o dólar comercial avançava 1,17%, cotado a R$ 1,556 na venda.
Segundo operadores de mercado, a alta da moeda norte-americana é reação inicial típica a qualquer medida que pode influenciar a cotação do dólar, uma vez que o mercado sempre precisa de tempo para fazer uma leitura melhor de novas regras.
'Agora, é preciso entender e fazer conta', explica o diretor de Tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou nesta quarta-feira (27) que o governo decidiu sobretaxar, com o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), as apostas das empresas e bancos no mercado futuro (posição vendida) que pressionem para baixo a cotação do dólar. Segundo ele, isso é um tipo de "pedágio" contra a especulação no mercado futuro.
Com a maior taxação o volume de dólares que entra no país tende a diminuir, o que reduziria a cotação. Os derivativos cambiais têm grande influência na formação de preços da moeda norte-americana no mercado à vista.
Repercussão no mercado financeiro
Knauer diz que não está claro como será feita essa taxação. 'O arbitrador pode estar comprado em um derivativo da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) e vendido na BM&F, por exemplo. Se o IOF incidir somente na ponta de venda da BM&F, será difícil para o mercado, porque algumas instituições pagariam IOF mesmo com uma posição líquida comprada', avalia.
Nota-se que, o texto do decreto refere-se à exposição vendida líquida. Ainda assim, falta clareza e os investidores devem aguardar as explicações do governo antes de montar posições.
Em outra medida, autorizada via Medida Provisória (MP), o governo autorizou o Conselho Monetário Nacional (CMN) a definir regras específicas para as negociações no mercado de derivativos e a tributar as operações com IOF de até 25%.
De acordo com o operador de câmbio da Renascença Corretora, José Carlos Amado, com essa regra, o governo deve reduzir a especulação nos mercados futuros de dólar e cupom cambial. 'Houve momentos em que o dólar caiu, mesmo com um fluxo cambial negativo. Por isso, o governo começou a olhar mais para operações especulativas', afirma.
Apesar de reconhecer que é necessário fazer uma leitura mais atenta das regras, Amado diz que é apenas mais um conjunto de ações para conter o avanço do real. Desde o ano passado, o governo vem atuando mais firmemente no mercado de câmbio e, ainda assim, o dólar seguiu em firme trajetória de queda. É preciso reconhecer, porém, que essa retração poderia ter ocorrido mais rapidamente, não fosse a vigilância das instituições públicas.
Fonte: G1
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